Enquanto o governo Jair Bolsonaro (PL), políticos do centrão e a direção militar-bolsonarista da ECT atuam para acabar com a empresa, os trabalhadores da empresa lutam para fazê-la funcionar. Confira, nesta terceira matéria da jornalista Fátima Lessa, especial para o Jornal Brasil Popular, os motivos da greve dos carteiros
Impedidos de sair para entregar cartas, testemunhando o acúmulo de correspondências dos corredores da unidade e as fraudes no Sistema de Rastreamento de Objetos (SRO) os carteiros do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) de Várzea Grande, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, em março. A greve durou 24 dias.
Foi o tempo suficiente para os trabalhadores conversar com a população, protocolar um dossiê com pedido de investigação na superintendência da Policia Federal em Mato Grosso. O movimento recebeu apoios de usuários, de parlamentares federais e de organizações nacionais e internacionais de trabalhadores nos serviços postais.
A greve foi deflagrada pelos carteiros que usam as bicicletas e fizeram concurso para entregar cartas nas residências. Acontece que as bicicletas foram recolhidas e eles impedidos de sair às ruas para trabalhar. O trabalho ficou precarizado ainda mais. A Unidade é o projeto piloto da gestão bolsonarista dos Correios que traz sob o discurso de revitalização cortes orçamentários e o sucateamento da estatal.
Sobrecarga de trabalho
Com a retirada dos carteiros de bicicletas das ruas, também houve aumento indiscriminado de sobrecarga de trabalho para os carteiros motociclistas. Aumentou o percurso e a carga a ser distribuída.
Antes os carteiros de moto, percorriam entre 35 a 40 quilômetros por dia e agora estão percorrendo no mínimo 80 quilômetros por dia. Antes saiam com 90 encomendas agora saem com 240 e chega na maioria dos casos a 300 encomendas para um só carteiro entregar. “Isso é impraticável”, enfatiza Aragão.
A culpa não é do carteiro
No primeiro dia da greve, os carteiros saíram à rua não para fazer entregas, mas para conversar com a população. Numa “Carta à População Várzea-grandense” os trabalhadores informaram que “se a correspondência/encomenda não chega em sua casa a culpa não é do carteiro, mas dos gestores”.
Na “carta” eles também explicaram que a paralisação só foi decidida depois de tentarem, por diversas vezes, um diálogo com o gestor e não terem conseguido nenhum avanço. Conforme informações do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios em Mato Grosso (Sintect-MT) a ausência dos carteiros na rua trará mais transtornos para os usuários dos serviços postais que já enfrentava problemas por falta de trabalhadores.
Correspondência simples como extrato do FGTS, senha do google, faturas que são enviados como carta simples estão todas lá estocadas, vencidas. São milhares. Eles tratam como refugo, mas na verdade foram correspondências que foram pagas pela sociedade e que não estão sendo entregues.
“Se já existia uma deficiência de trabalhadores para atender a demanda prejudicando a empresa, imagina agora com estes carteiros retirados da rua para serviço interno”, observou questionando o diretor jurídico do Sindicato, o advogado Alexandre Aragão.
Entregaram manifestos e receberam apoio.
Apoio dos usuários
Durante o período da greve, os carteiros tiveram a oportunidade de conversar com os clientes que iam diariamente pegar as encomendas e correspondências que não recebiam em casa. Foi ai que eles souberam da retirada dos carteiros da rua.
“Antes eles entregavam na minha casa, agora tenho que vir aqui. Eu não sabia que os Correios tinham tirado o carteiro da minha rua para fazer serviço interno”, disse o senhor Francisco, do bairro Canelas, acrescentando: “agora chego aqui para receber minha encomenda e encontro a porta trancada, e só agora soube o que realmente está acontecendo”. Ele era atendido pelo carteiro Amilton, distrito 204.
Outra que também estava irritada foi a dona Ana, do bairro Figueirinha. “É uma falta de respeito com a gente e eu não sabia que eles tinham tirado o Geovane (carteiro distrito 608) para serviço interno”. Ela disse também que considera um desaforo ter ir pegar a encomenda na agência afinal “eles devem entregar em nossa casa”.
O senhor Raimundo presidente do bairro El Dourado em Várzea Grande, organizou o pessoal para uma grande manifestação que aconteceu na porta da agência.
Apoios de parlamentares
Deputados federais de oposição apoiaram o movimento grevista dos carteiros de Várzea Grande. Rogério Correia (PT/MG) se solidarizou com a luta que ele classificou “difícil, mas justa”. Ele colocou o gabinete em Brasília, à disposição dos grevistas, para que de lá fosse divulgado o dossiê com as denuncias sobre supostos crimes que estariam sendo praticados a mando de gestores dos Correios em Mato Grosso.
O deputado Glauber (Psol/RJ) também foi solidário com os trabalhadores e trabalhadoras que estavam em greve. “Uma greve necessária, onde os trabalhadores não estão pedindo nenhum favor, lutam por mais respeito aos seus direitos, em defesa da nossa soberania e para que os correios sejam cada vez mais valorizado em suas atividade pública”.
Além deles, Rosa Neide (PT/MT) e Vicentinho, deputado federal (PT/SP) participaram de reunião online e garantiram total apoio aos trabalhadores.
Apoio internacional
A Federación Obreros y empleados de Correos y Telecomunicaciones (Foecyt), de Buenos Aires, Argentina, demonstrou preocupação “pela delicada e grave situação” que atravessam os trabalhadores dos serviços postais do Brasil em especial os trabalhadores de Várzea Grande que suportando como pode “a atitude negligente de desmonte de uma unidade dos correios levando junto com uma atroz politica de abandono”.
De acordo com a nota, a “atitude da empresa além de prejudicar carteiros acarreta prejuízos à imagem (da empresa), aos seus padrões de eficiência e sua rentabilidade”.
“Neste sentido queremos manifestar nosso profundo apoio aos companheiros (as) e de igual forma nós pedimos à autoridades dos Correios a escutar aos seus trabalhadores e abrir o necessário canal de diálogos a única maneira de se chegara soluções que resultem em benefícios para toda a comunidade”.
UNI Américas e Union Global, sede no Uruguai, também manifestou apoio aos trabalhadores da Unidade dos Correios em Várzea Grande que decidiram fazer visível à situação que afeta não só os trabalhadores mas toda a sociedade. “Rechaçamos a atitude intransigente dos Correios em não escutar os trabalhadores”. De acordo com a entidade, é uma atitude que “ataca não só os trabalhadores, mas a todos os brasileiros”. A UNI Global representa mais de 20 milhões de trabalhadores de setor de servilo e afins.
Simultaneamente às notas de apoio, as entidades nacionais e internacionais encaminharam correspondências ao presidente dos Correios, Floriano Peixoto, e aos presidentes do Senado e Câmara Federal exigindo “a abertura de um canal de diálogo como único meio de solução do impasse”.
Para os dirigentes sindicais “tudo leva a crer que essa atitude integra o grande projeto de desmonte da empresa, qual seja: destruir a excelência dos serviços postais para justificar a privatização”.
OUTRO LADO: A direção dos Correios não responde aos questionamentos da imprensa e se atém a dizer que só se manifestará “em juízo”.
Foto da capa/legenda: Faixa com os motivos da greve “carteiros impedidos de entregar encomendas para a população’
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