Na Câmara, 68% dos deputados votam e atuam contra o meio ambiente e indígenas
A agência de jornalismo Repórter Brasil divulgou recentemente um ranking sobre a atuação da bancada ruralista na Câmara dos Deputados, o Ruralômetro 2022, que é também uma ferramenta muito útil para os eleitores saberem quem são os responsáveis pela destruição ambiental no Brasil.
É uma radiografia de um dos setores mais empenhados na sustentação do governo Bolsonaro, como mostrou, aliás, o deprimente desfile de tratores na Esplanada, no 7 de Setembro. O Ruralômetro chegou ao número de 351 deputados —68% da Câmara— que votam e atuam sistematicamente contra o meio ambiente e os interesses de indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais.
Os deputados dos partidos Novo, PTB e PL (partido de Bolsonaro) formam a linha de frente nas votações contra o meio ambiente e os povos do campo. No recorte por estado, os campões da bancada do boi são de Santa Catarina, Amazonas, Mato Grosso e Roraima, não por acaso, estados fortemente bolsonaristas.
Muitos parlamentares são infratores ambientais ou receberam doações de violadores de leis ambientais e trabalhistas. Para rastrear a bancada da devastação, a pesquisa analisou 28 votações e 485 projetos de lei apresentados por suas excelências. E também cruzou os nomes com dados do Ibama, do Ministério do Trabalho e do TSE.
A agenda ruralista favorece o latifúndio e os domínios de servidão quase feudal de um setor concentrador de renda, favorecido por benesses fiscais e que emprega bem menos do que apregoa. Uma realidade a anos-luz de distância do “green washing” onipresente na mídia.
Em contraposição a essa rede de predadores, há uma vibrante articulação de indígenas, quilombolas, pesquisadores e cientistas comprometidos com a agenda climática e a proteção dos nossos recursos naturais.
Eles estão lançando candidaturas, em todo o Brasil, para assembleias legislativas e para o Congresso. Precisamos ser representados por guardiões da vida. Chega de exterminadores do futuro.
(*) Cristina Serra, paraense, jornalista e escritora. É autora de “Tragédia em Mariana – a história do maior desastre ambiental do Brasil”. Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense.
Fonte: Coluna Cristina Serra, Folha de S. Paulo, 10/09/2022.
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