Presidente do PL disse que contratou auditoria de urnas eletrônicas por “insistência” de Bolsonaro. E que triturou minutas de golpe sem avisar autoridades
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF), em Brasília, que recebeu “duas ou três” propostas de minutas de um possível golpe. Ele acrescentou que os documentos não tinham identificação e que “simplesmente moía” os textos. Também admitiu que não chegou a alertar nenhuma autoridade sobre o teor dos documentos. Ele foi ouvido nesta quinta-feira (2), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Após prestar depoimento, Valdemar entregou o celular para os investigadores.
Em entrevista ao jornal O Globo, na semana passada, Valdemar admitiu que recebeu e “triturou” minutas de golpe destinadas a impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O dirigente do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro fazia menção à “minuta do golpe” que a PF encontrou na casa do ex-secretário de Segurança e ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Aos policiais, afirmou que usou uma “metáfora” ao dizer que “todo mundo” tinha uma minuta do golpe em casa. Por outro lado, negou ter participado da elaboração da minuta golpista apreendida na casa de Anderson Torres. Ele disse que não tomou conhecimento das “circunstâncias” em que o documento foi elaborado, nem soube dizer se houve uma reunião para falar sobre a proposta de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular o resultado da eleição.
Valdemar também afirmou aos policiais que “nunca duvidou” da segurança das urnas eletrônicas. No entanto, disse que contratou uma empresa para “auditar” o resultado das eleições por “insistência”. O PL chegou a pedir a impugnação de 279 mil urnas eletrônicas. Sem provas sobre as fraudes alegadas, a legenda recebeu multa de R$ 22,9 milhões do TSE por “litigância de má-fé”.
Torres fala
Do mesmo modo, o ex-ministro, preso por suspeita de omissão durante os atos golpistas de 8 de janeiro, também está prestando explicações à PF hoje. Seu depoimento já dura mais de sete horas. Ele terá que explicar porque, mesmo após ter sido informado, não agiu para conter os invasores que depredaram as sedes dos três poderes. Nesse sentido, a minuta golpista aumenta as suspeitas sobre a inação de Torres.
Além disso, terá que revelar o motivo de ter deixado o seu celular – que ele alega ter sido invadido – nos Estados Unidos. Um dia antes dos atos golpistas, o então secretário viajou de férias para Miami, mesmo local onde estava e ainda está o ex-presidente Bolsonaro.
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