A informação foi divulgada pela coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Manifesto é assinado por lideranças políticas, juristas, artistas e intelectuais
Mais de 2.000 mulheres assinam um manifesto em que reafirmam que houve golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. O documento é idealizado pela socióloga e ex-ministra Eleonora Menicucci, pela pesquisadora Celia Watanabe e pela desembargadora aposentada Magda Biavaschi.
Lideranças políticas, intelectuais e artistas endossam o movimento, como a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), a ex-ministra Izabella Teixeira, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), a jurista Carol Proner, a professora e filósofa Marilena Chauí e a cineasta Tata Amaral.
manifestação surge como reação à declaração do ex-presidente Michel Temer (MDB) de que o impeachment de Dilma não foi golpe.
O texto afirma que Temer é um dos “grandes artífices do golpe” e é acompanhado por “vozes ressentidas, equivocadas ou, ao menos, golpistas”.
“Diante disso, nós mulheres, que constituímos a maioria da população do país, destacando estarem vivas nesse golpe nossas heranças patriarcais e a misoginia, cá estamos para, em uníssono, bradar: foi golpe, um golpe institucional/parlamentar, misógino, de graves proporções e que se expressou nas reformas que se seguiram”, afirma o texto.
Segundo Eleonora Menicucci, que foi ministra do governo Dilma de 2012 a 2015, o manifesto também é uma reação à afirmação da ex-ministra Marta Suplicy, que, em entrevista à TV Folha, disse que o impeachment não foi um golpe —ela, inclusive, deu voto favorável à deposição da presidente quando era senadora pelo PMDB.
“A nossa mobilização nasceu da indignação que tomou conta das mulheres democráticas, de todos os espectros do Brasil”, diz Eleonora à coluna.
O documento afirma também que o impeachment de Dilma foi aprovado “sem qualquer crime” e permitiu a retomada do “processo liberalizante” no país. São citadas medidas adotadas após a saída da petista como a reforma da Previdência, a emenda 95 que congelou o teto do gasto público, e a “destruição de programas de moradia e para as mulheres”, entre outros.
O manifesto destaca ainda o que a ex-presidente disse depois de sofrer o impeachment, quando afirmou que o “golpe” iria atingir “indistintamente qualquer organização política progressista e democrática”, mas que a esquerda voltaria.
“Reproduzindo o discurso da presidente Dilma, reafirmamos: Voltamos e voltamos para afirmar às gerações futuras que nada nos fará recuar”, finaliza o texto.
Michel Temer deu a declaração após o presidente Lula chamá-lo de golpista em discurso na Prefeitura de Montevidéu, capital uruguaia, no dia 25 de janeiro.
“Vocês sabem que depois de um momento auspicioso, quando governamos de 2003 a 2016, houve um golpe de Estado e derrubou a companheira Dilma Rousseff, a primeira mulher eleita presidente da República no Brasil”, disse Lula.
Em nota divulgada em suas redes sociais, Temer disse que o petista insiste em manter-se no palanque e tenta “reescrever a história por meio de narrativas ideológicas”
“Ao contrário do que ele disse hoje em evento internacional, o país não foi vítima de golpe algum. Foi na verdade aplicada a pena prevista para quem infringe a Constituição”, afirmou o ex-presidente.
Foto da capa: A então presidente afastada Dilma Rousseff (PT) faz sua defesa no plenário do Senado, em agosto de 2016. Foto: Pedro Ladeira/29/ago/16/Folhapress
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