Ainda na primeira escala de sua viagem à China, em Xangai, onde participou da posse da ex-Presidente Dilma Rousseff na presidência do Banco dos BRICs – antes, portanto, de seu encontro com o Presidente Xi Jin Ping – Lula fez em discurso uma pergunta que trazia implícita a resposta:
– Todas as noites eu me pergunto por que todos os países têm que basear seu comércio no dólar. Por que não podemos negociar com base em nossas próprias moedas? Quem foi que decidiu que o dólar era a moeda após o desaparecimento do padrão-ouro?
Atento à menor novidade econômica em país grandes como a China e o Brasil, o Financial Times, de Londres estava sabendo das coisas e observou que o crescente relacionamento econômico vinha incentivando os dois países a promover maior uso das respectivas moedas no comércio bilateral e lembrou que a filial do Banco Industrial e Comercial da China (ICBC) no Brasil já realizara a primeira transação paga em yuan, a moeda chinesa.
– Qualquer esforço do Brasil para rejeitar a moeda americana no curto prazo – previa ainda o Financial Times – enfrentará um desafio substancial. O dólar é vital para os mercados e referências globais de commodities, o que incentiva as principais mineradoras brasileiras, como a Vale, a manter a maioria das transações em dólar.
O noticiário não registrou se Lula e Xi Jin Ping trataram da questão em sua conversa, mas o comunicado final da vista deixou isso claro ao dizer que eles concordaram em “aprofundar o diálogo na área econômico-financeira e fortalecer o comércio em moedas locais”.
A previsão do Financial Times logo se confirmou com uma declaração desdenhosa do ex-Embaixador dos Estados Unidos no Brasil Thomas Shannon, embaixador dos tempos de Trump e Bolsonaro:
– Muitas pessoas no mundo gostariam de não depender do dólar, mas o dólar não é uma moeda global porque os Estados Unidos o impuseram, é uma moeda global pelo poder da economia americana e pelo papel da economia americana no sistema financeiro e na ordem econômica global. Se o Brasil, a China ou os BRICs querem substituir o dólar, OK, vão em frente. Que moeda vão usar? A moeda chinesa, a brasileira? Ok, boa sorte…
Além da perda dos grandes lucros que a economia norte-americana sofrerá com e eliminação do pedágio em dólar a cada transação do grande comércio da China com o Brasil, maior que a da soma das transações do Brasil com os Estados Unidos e a União Européia, a reação do ex-Embaixador refletia outra perda, esta de poder político, para o governo norte-americano, o poder de impor sanções eficazes a outros países. A propósito, o correspondente do portal 247, Jamil Chade, comentou:
– Na prática, o governo sob sanções americanas não consegue usar a moeda americana, gerando graves problemas para suas contas públicas ou qualquer relacionamento com o exterior. Isso envolve desde abastecer uma aeronave num aeroporto estrangeiro ou pagar pela importação de alimentos.
– Para a China, portanto, contar com um sistema alternativo é também uma medida geopolítica de enorme impacto internacional, com a meta de reduzir a hegemonia americana no mundo.
O BANCO CENTRAL INSISTE
Pouco antes da viagem de Lula à China, o IBGE anunciara o resultado da inflação anual medido em março. Pela primeira vez desde 2021, ela ficara em menos de 5%. Essa ótima notícia foi menosprezada pelo Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Segundo a agência Broadcast, ele reconheceu que a inflação de março veio abaixo do esperado, mas fez questão de ressaltar que se trata “apenas de um número”. Em palestra em evento em Washington, nos Estados Unidos, o Presidente do BC afirmou que o esforço da autoridade monetária ao combater a inflação pode ser comparado à ministração de um antibiótico: “se for interrompida antes da hora, só porque o paciente já se sente bem, a doença vai voltar”.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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