Nessa trapalhada inacreditável de múltiplas fraudes para produzir certificados falsos de vacinação para Bolsonaro, sua filha Laura, de 12 anos, e o tenente-coronel Mauro Cid e respectiva família (mulher e três filhas), pouco falta para ser provado, tais os rastros que a operação deixou. Mas há cada vez mais perguntas a responder e expectativas a confirmar ou desmentir – e elas se enovelam com questões como a tentativa insurrecional de golpe de 8 de janeiro, as joias da Arábia Saudita e até o assassinato de Marielle Franco.
Segundo O Globo, insuspeito no caso, uma das hipóteses em cogitação pela Polícia Federal é que Mauro Cid, principal ajudante de ordens do então Presidente, organizava um plano de fuga para Bolsonaro&família e para ele próprio, sua mulher e suas três filhas.
Após a fuga, as joias milionárias da Arábia Saudita financiariam a sobrevivência das duas famílias no exílio, pelo menos por bom tempo. Além disso, a PF encontrou e apreendeu na casa de Mauro Cid 35 mil dólares em dinheiro que ele tentou esconder. Intimado a entregar suas armas, Cid foi buscá-las no cofre onde estavam e tentou imediatamente fechá-lo. Mas os policiais não deixaram e descobriram o dinheiro.
Como Michelle Bolsonaro já tinha sido vacinada nos Estados Unidos, bastou providenciar atestados falsos para Bolsonaro e a filha Laura, de 12 anos. Bolsonaro, porém, acabou desembarcando nos Estados Unidos ainda na condição de Presidente (dispensado de comprovar a vacinação e em avião da FAB) e Laura com um atestado médico que declarava não poder ela ser vacinada, por motivo de problemas cardiológicos.
Na prática, portanto – e é por aí que se encaminha sua defesa – a família Bolsonaro não precisava de atesados falsos de vacinação. Quem precisava era Mauro Cid, para si mesmo e sua família. Dois dias após sua prisão, noticiava-se, sucessivamente (ou plantaram as duas versões), primeiro que a Sra. Mauro Cid, Gabriela, pessoa de personalidade forte e às vezes contundente ou briguenta, estaria a ponto de “explodir” e levar o marido a contar tudo; e, em seguida, que Mauro Cid já tinha mandado dizer a Bolsonaro, por alguém com quem conseguira contato na prisão (talvez seu advogado), que assumiria sozinho a responsabilidade pelos crimes cometidos e assim inocentaria o chefe.
A um primeiro exame, tal atitude custaria a Mauro Cid e Gabriela um preço enorme. Ele poderia ser condenado à prisão e expulso do Exército. Ela poderia ser criminalmente processada no Brasil e os dois processados nos Estados Unidos por terem entrado lá com certificados falsos de vacinação.
Outra pergunta pendente é se o General Heleno, ministro-chefe do GSI e controlador da supostamente bem-informada Abin, sabia de alguma coisa dessa trapalhada toda que em pouco tempo já envolvera muita gente, tanto em Cabeceiras, uma pequena cidade de Goiás, onde foi forjado um dos atestados de vacinação de Bolsonaro, quanto em Duque de Caxias, uma das maiores cidades da Baixada Fluminense, no Rio, onde essa falsa vacinação foi inserida no sistema de registro de vacinações do SUS, uma servidora municipal foi coagida a revelar sua senha de acesso a esse sistema, uma enfermeira que não trabalhava mais na vacinação teve seu nome registrado como vacinadora de Bolsonaro e, finalmente, o lote de vacinas mencionado nunca tinha ido para lá.
Até Brasilia, o que não é surpreendente, apareceu nos rastros mais visíveis da trama, e não em qualquer endereço privado, mas no próprio Palácio do Planalto, localização logo identificada do computador que pediu a emissão de um dos certificados de vacinação de Bolsonaro.
Isso do computador aconteceu debaixo do nariz do General Heleno. Se ele não soube de nada, fica evidente que o GSI e portanto o governo não eram capazes de captar nem a origem e trajetória de fogo amigo e portanto Bolsonaro e subalternos poderosos como Mauro Cid podiam tramar o que quisessem. Se soube ou sabia, nada fez para advertir Bolsonaro do perigo iminente para o próprio Bolsonaro dessa operação trapalhona?
As primeiras expectativas agora voltam-se para os depoimentos que Bolsonaro e Mauro Cid terão de prestar ou até para a hipótese de serem confrontados numa acareação. A sorte de cada um deles pode ser decidida no que o outro fizer ou não fizer.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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