Foram duas trapalhadas ridículas, mas não menos criminosas por serem ridículas, nem menos ridículas por serem criminosas – e ambas revelam a mesma assinatura, a mesma grife das que marcaram a falsificação de certificados de vacinação de Bolsonaro e filha e de Mauro Cid e família.
As duas novas e criminosas trapalhadas envolvem pelo menos um Rolex de platina cravejado de brilhantes e a escultura (supostamente de ouro maciço) de uma palmeira e um barco de pesca, peças recebidas de presente por Bolsonaro em viagens oficiais como Presidente da República à Arábia Saudita e ao Emirado de Bahrein.
Esses presentes, que pertenciam de direito ao patrimônio nacional, foram incorporados ao patrimônio pessoal de Bolsonaro e transportados com ele, ainda Presidente e no avião presidencial da FAB, em sua viagem a Orlando, na Fórida, no dia 30 de dezembro de 2022, véspera de seu último dia de mandato e antevéspera da posse de Lula na Presidência da República.
De Orlando, o relógio e a escultura foram levados de carro para Miami, a 390 quilômetros dali, por Cristiano Piquet, filho do tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet, e a partir daí separaram-se os respectivos itinerários.
O Rolex foi vendido a uma joalheria, como se fosse propriedade pessoal de Bolsonaro, e por ela revendido. Segundo o blog de Valdo Cruz, da GloboNews, o Rolex e outro relógio de luxo da marca Patek Philippe foram vendidos por 68 mil dólares pelo pai de Mauro Cid, o general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid, que morava em Miami como diretor ou representante da Apex, agência de promoção de investimentos do governo brasileiro. Para blindar Bolsonaro, o dinheiro da venda foi depositado na conta do general.
Mas o contrabando de jóias e outros presentes recebidos de presente por Bolsonaro já tinha sido denunciado e o Tribunal de Contas exigia a devolução do Rolex. Era preciso conseguir recomprá-lo e o encarregado disso foi Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, o mesmo que antes escondera em seu sítio um dos acusados da morte de Marielle Franco. Wassef conseguiu a recompra, mas é claro que teve de pagar muito mais que os 68 mil dólares, o Rolex afinal foi devolvido e Bolsonaro ficou no prezuízo.
Com a escultura da palmeira e do barco Bolsonaro também ficou no prejuízo. Se fosse de ouro maciço, como ele supunha, ela valeria muito mais que o Rolex. Mas não era, e a 18 de janeiro, quase três semanas depois do desembarque em Orlando, Mauro Cid queixava-se em mensagem que a PF encontrou em seu celular:
— Aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil, aquele navio e aquela árvore, elas não são de ouro… Então eu não estou conseguindo vender.
Mauro Cid acrescenta que a escultura “tem partes de ouro”, mas segundo outras informações “era tudo latão”.
Na decisão que autorizou as operações da Polícia Federal na sexta-feira, o Ministro Alexandre de Moraes, do STF, acrescentou ao que já se sabia a revelação de que não foram casos isolados a venda e recompra do Rolex e a tentativa cde venda da escultura:
— Os elementos de prova colhidos – escreveu Moraes – demonstraram que, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi criada uma estrutura para desviar os bens de alto valor presenteados por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da República, para serem posteriormente evadidos do Brasil, por meio de aeronaves da Força Aérea brasileira e vendidos nos Estados Unidos…
Por sua vez, informações obtidas pelo repórter André Richer, da Agência Brasil, acrescentam que esses desvios começaram em meados de 2022 e só terminaram no início de 2023.
Ou seja, desde a campanha presidencial, quando posava de vitorioso contra Lula, Bolsonaro já usava seu “abre-te sésamo!” para entrar na caverna de Ali Babá na Arábia Saudita e arredores.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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