Professora Maria Rosa de Oliveira Magalhães
Nós te amaremos, espírito iluminado, através das rosas, das águas do Rio Corrente e da brisa que sopra. Nós te amaremos através das rosas porque és uma delas.
Nós te amaremos todas as manhãs, relembrando dos dias em que, aflita, elevavas uma oração a Deus, pedindo que nunca faltasse o pão em nossas mesas.
Nós te amaremos durante todo o dia, através do trabalho, através dos estudantes, pois eles retratam o seu exemplo de mestra abnegada, de mulher de fibra que desde jovem dedicou sua vida à educação sem visar bens financeiros.
Nós, frutos do seu amor e trabalho, crescemos e nos desenvolvemos intelectualmente, graças à sua mão amiga que, além de mestra, foi também nossa mãe.
Nós te amaremos através da sua escola, da rua com seu nome, da Macambira, de seus humildes alunos que, agora mais do que nunca, devem ser nossos também.
Nós te amaremos nas festividades escolares através dos cantos, dos poemas, das dramatizações porque em hino te tornaste, tu que não querias riqueza e nem glória, te tornaste imortal.
Nós te amaremos através da sua igreja, onde mesmo trôpega, e nos seus últimos dias de vida, vinhas pedir ao pai celestial por teus filhos, por uma sociedade mais pacífica e humana.
Nós te amaremos nos momentos de dor, sentindo a falta de tua mão amiga, relembrando teus sábios conselhos.
Nós te amaremos através da arte, da natureza, através do próximo, através de Deus, porque foste em vida e em morte um grande exemplo DELE.
Nós te amaremos através de nós mesmas, porque, mesmo faltando um pedaço de nossas vidas, continuarás a existir, a cantar, a ensinar, eternamente através da saudade e do amor.
(*) Por Arturzita Silva Santana. [Macaúbas 1894 – Santa Maria da Vitória 1990]. Texto publicado, originalmente, no jornal O Posseiro nº 74 maio 1990
Confira, a seguir, artigo sobre a professora Rosa Magalhães assinado por Jurandir Assis.
Dona Rosa, professora inesquecível
(*) Por Jurandi Assis
Depois de várias horas pintando, descansei os pincéis em um vaso, ao lado do cavalete. Exausto, recostei-me na cadeira, fechei os olhos e, retornei ao passado, quando ainda criança. Um semblante logo se delineia, alegre, delicado, maternal e solidário. Dona Rosa, professora inesquecível.
Os momentos mais felizes que vivi na infância foram aqueles em que passei estudando no Colégio Rosa Oliveira Magalhães. Ficaram gravados para sempre, na mente e na alma. Os ensinamentos que recebia, eram sempre precedidos de atenção e carinho.
Em 1946, fui levado ao colégio de Dona Rosa pelas mãos de minha tia Lourdes. Um dia antes, minha mãe Nerina, me informara que se tratava de uma escola evangélica de metodologia moderna. Nesse colégio não havia palmatória, esse instrumento de tortura fora abolido há muito tempo e substituído por amor e compreensão.
Entramos no prédio do colégio e nos dirigimos para a sala onde Dona Rosa se encontrava. Em pé junto ao quadro-negro, ela explicava para a classe um problema de aritmética.
Algum tempo depois, a aula terminou. Dona Rosa percebeu nossa presença e veio em nossa direção. À medida que ela se aproximava, pude compreender, apesar da idade, o porque do seu prestígio e de sua fama. Estatura média, negra, olhos verdes, bem vestida, a fronte demonstrava grande inteligência. Emoldurada por cabelos crespos e grisalhos, bem penteados e presos atrás da cabeça por uma fita larga de cor azul escuro. Sua figura delicada inspirava simpatia e bondade. Seu sorriso natural era um misto de compreensão e carinho. De andar ereto, parecia flutuar. Seu olhar parecia penetrar em nossa alma, não para censurar, mas para reforçar tudo de bom que havia em nós.
Eu era uma criança observadora, capaz de perceber um espírito iluminado, quando frente a frente com ele. Mal sabia que meu futuro de artista plástico estaria ligado àquela professora cuja bondade e inteligência eram fáceis de perceber.
Após conversar com tia Lourdes, Dona Rosa abraçou-me dizendo que eu era bem-vindo.
Minha vida de estudante prosseguia. Quando não entendia a lição, procurava-a com o olhar. Dona Rosa percebia e se aproximava, debruçava sobre a carteira e carinhosamente me enlaçava pelos ombros. Logo que detectava o problema, ela pegava o lápis e se dispunha a ajudar. Começa ali o momento mágico. Em segundos, os alunos formavam um círculo à sua volta. O lápis em sua mão se transformava, ganhava vida. Deslizava sobre o papel como se fora um bailarino, deixando para trás uma caligrafia de incomparável beleza. Esse momento de magia logo terminava e os estudantes retornavam aos seus lugares.
Um dia, após apreciar um desenho que eu acabara de fazer, Dona Rosa me parabenizou. A seguir, profetizou que no futuro eu seria um artista plástico.
Terminei o curso primário e, não tendo opção para continuar estudando, dediquei-me de corpo e alma ao desenho, pintura e a leitura de centenas de livros.
Apesar da ausência, Dona Rosa não me esqueceu, continuava acreditando no meu talento artístico. Foi com essa fé inabalável que, em 1956, Dona Rosa me convidou para vir com ela para São Paulo. Aqui, eu teria o necessário para estudar artes plásticas.
Em São Paulo, Dona Rosa conseguiu, por intermédio da Igreja Presbiteriana Unida, um emprego para mim no Instituto Presbiteriano Mackenzie. Foi suficiente. Daí para frente, assumi meu próprio destino.
No percurso, tornei-me publicitário. Depois de anos de estudos e exposições coletivas, em 1974, realizei minha primeira exposição individual.
Em setembro de 2000, lançamos o livro de arte O Inventário do Cotidiano, um sonho há muito tempo acalentado, fruto de fé, trabalho e perseverança.
Tudo isso só foi possível, por que uma professora de visão e extremamente solidária se predispôs a me ajudar.
São Paulo, 14 de junho de 2013.
(*) Joaquim Lisboa Neto, coordenador na Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória, Bahia; ativista político de esquerda, militante em prol da soberania nacional.
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