Bastaram poucas horas depois de conhecidos os resultados para que o Presidente da República, eleito da Argentina, Javier Millei, adaptasse à linha justa do pensamento neoliberal mais ortodoxo e simplório seu discurso pirotécnico, teatral e apocalíptico de candidato. Ele continuou dramático e assustador, mas rigorosamente disciplinado e obediente a essa linha justa do corte radical de gastos, da privatização da YPF, a estatal petrolífera argentina, e do congelamento das relações comerciais com o Brasil e s Argentina, dois dos maiores sustentáculos da economia de seu país, mas ao mesmo tempo dois espantalhos ideológicos.
Logo Millei anunciou que suas primeiras viagens ao exterior seriam aos Estados Unidos e a Israel, mas a sofreguidão com que essas viagens foram anunciadas deixou claro que Millei não dá prioridade ao entendimento com o presidente Biden e com o governo norte-americano nem à paz na Faixa de Gaza, e só está interessado em acertar sua colaboração com Trump e Netanyahu, um para voltar ao poder, o outro para nele permanecer.
Esse plano deixou claro também que está em andamento a montagem de um eixo de poder internacional liderado por Trump e seu grupo e ao qual se associam Netanyahu, Millei e. à falta de alternativa, o inelegível Bolsonaro – além, naturalmente, do indiano Modi, da francesa Marine le Pen, da primeira-ministra italiana Georgia Meloni, do húngaro Orban e finalmente e subitamente de Geert Wilders. o vencedor de extrema-direita das eleições realizadas na Holanda logo depois da de Millei.
Os resultados eleitorais na Argentina e na Holanda foram presentes ganhos de surpresa pelo movimento direitista mundial que tenta deter a marcha da história e perpetuar a concentração de renda e a desigualdade social em escala planetária que fazem a desgraça deste século já adulto.
Quanto ao futuro que deseja e prevê para a economia argentina, Millei foi na mesma medida assustador e ingenuamente crédulo numa de suas primeiras entrevistas à TV. Respondendo que vai promover uma correção de choque, prometeu que o próximo ano vai terminar com equilíbrio fiscal e com um ajuste inacreditável de 15 pontos do PIB. Aí delirou ainda mais:
– 2025 será brilhante, com uma taxa de inflação em queda e salários aumentando em dólares.
Na cabeça de Millei, esse futuro radioso vai acontecer mesmo com as restrições que seu governo pretende impor às relações comerciais com o Brasil e a China. Sua escolhida para o Ministério das Relações Exteriores, Diana Mondino, uma professora universitária, afirmou que o novo governo argentino não vai interagir com o Brasil nem com a China.
Millei pessoalmente acentuou essa antipatia pelo Brasil ao convidar Bolsonaro e não Lula para sua posse (mas depois se corrigiu, dizendo que Lula seria muito de recebido na festa). Para ser coerente, Millei deveria ter convidado Trump,mas convidou o Presidente Biden, que se desculpou com a explicação diplomática de já ter outro compromisso no mesmo dia…
Ao convite que o privilegia, Bolsonaro acrescentou a promessa de levar com ele a Buenos Aires cinco governadores de Estado brasileiros: Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Romeu Zema, de Minas Gerais; Ronaldo Caiado, de Goiás; Jorginho Mello, de Santa Catarina; e Ratinho Jr. , do Paraná.
A extensão do convite aos cinco governadores, que com certeza representam uma porção majoritária da economia brasileira, tenta ser uma manobra divisionista para desconstruir o sucesso de Lula em seus esforços para a desradicalização e pacificação política do Brasil e recuperação de sua economia. Mas as pesquisas frustram Bolsonaro: não só a aprovação de Lula continua muito boa, como já caiu 5% o número dos que qualificam seu governo como ruim ou péssimo. Ou seja, o eleitorado que não aceita Lula de jeito nenhum está encolhendo.
O eleitorado argentino que aceitou Millei pode também encolher? Se ainda não apareceam sinais de decepção entre seus eleitores, o fato é que já se manifestam sinais de que a resistência ao que ele tentar fazer vai ser muito firme e até radical. As Mães e Avós da Praça de Maio reuniram-se em grande número diante da Casa Rosada para um sonoro e ecoante protesto contra o que Millei acha que vai conseguir fazer. E o poderoso sindicato dos Aeronautas foi mais longo em seu “não” ao plano de Millei de reprivatizar a Aerolineas Argentinas, que já foi uma vez privatizada e depois recuperada. A palavra de ordem desse sindicato já se espalhou:
– Vão ter de passar por cima de nossos cadáveres.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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