A caravana do Pará que durante três dias negociou pautas em 42 órgãos públicos em Brasília voltou para o estado com o “Caderno de Respostas” do governo federal para ser analisado e comentado, na continuidade de seu diálogo para atendimento de demandas do Projeto 50+50, apresentadas pelas famílias pioneiras da Transamazônica e da BR-163 (Cuiabá/Santarém, em seu trecho paraense). Mas antes o grupo constituído por lideranças de 30 municípios se reuniu no Teatro Plínio Marcos para fazer o balanço das atividades. Com muita alegria pela receptividade de uma centena de funcionários públicos e gestores que os receberam depois de estudadas todas as reivindicações, entregues ao governo Lula há um mês. Ao final, a emoção do encontro, com o refrão de Geraldo Vandré, “quem sabe faz a hora”, e a presença da família do histórico sindicalista Avelino Ganzer que coordenou o projeto e está hospitalizado em tratamento na espera de um transplante de medula.
A socióloga Rose Scalabrin acompanhou a caravana todos os dias em que esteve em Brasília, entre 27 e 29 de novembro, mesmo hoje morando no Distrito Federal, e no Acre desde 1985. Mas ela viveu em Rurópolis (PA) nos momentos mais difíceis da colonização, a partir de 1972, quando tinha 10 anos de idade. Sua família e a de Avelino Ganzer saíram no mesmo ônibus da cidade de Iraía Porto Alegre e de lá foram mandados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de avião para o Pará. “Alguns parentes nunca tinham visto um avião de perto. A gente só podia imaginar que ia para um lugar com tudo o que prometiam. Mas nossos pais tiveram que aprender a caçar para comer”, conta.
Rose Scalabrin considera que o Projeto 50+50 é a renovação das lutas na Amazônia. Esse movimento se fortalece com perspectivas de continuidade”. Ela se diz surpresa com o que aconteceu em Brasília nos últimos dias. “Não houve um líder, todo mundo foi protagonista levando as demandas das cidades e comunidades desse território para os ministérios. Foi um encontro de gerações. Chorei”. Estiveram em Brasília cerca de 500 lideranças representando cidades e comunidades das bacias do Xingu, Baixo Amazonas, Tapajós e Araguaia-Tocantins em suas abrangências no Pará.
Lucas Tupinambá, da bacia do Tapajós, também comemorou os resultados dos trabalhos da caravana. “Até mesmo porque alinha as pautas das bacias, e foi representada pelos parentes indígenas, pelos parentes que ajudaram a construir nos últimos anos essas pautas que promoveram o ato de devolutiva em Brasília, nos ministérios. Muito importante a agenda que tivemos, principalmente na que eu estive a frente, no Ministério dos Povos Indígenas. Acredito que temos que fortalecer ainda mais esse elo, para alinhar as demandas para a demarcação de nossos territórios, as melhorias na saúde, na educação e também na infraestrutura dentro das nossas aldeias. Para isso chegar temos que adquirir forças”, acentuou.
O próprio deputado Airton Faleiro (PT/PA), que foi responsável pela emenda parlamentar que tornou possível o Projeto 50+50, se admirou com a força da caravana em Brasília. “Eu que ajudei a planejar, pensar, apoiei, estou surpreso com os resultados. Primeiro pelo processo que aconteceu lá na base, as pessoas produzirem narrativas sobre os 50 anos que passaram e planejaram 50 anos futuros, 500 lideranças virem a Brasília e visitar, negociar em tantos ministérios, terem uma devolutiva do presidente Lula para as organizações sociais. Tô muito feliz com o que aconteceu. A receptividade de nossos ministros foi fantástica. O governo fez a devolutiva, entregou o relatório atendendo as nossas demandas; e o processo continua. Tanto de mobilização como de negociação. Eu sou um dos filhos da colonização”, disse.
Nesse último dia de trabalhos em Brasília não faltaram emoções e homenagens dos participantes da caravana a Avelino Ganzer, que durante a ditadura foi perseguido devido à liderança no movimento de resistência. O seu filho Eduardo estava com os filhos e a presença da família marcou um solene momento de solidariedade e oração pelo restabelecimento de sua saúde, relembrando momentos históricos de sua jornada na Transamazônica. “Desde uns oito anos, quando comecei a perceber melhor o que acontecia, eu passei a acompanhar a luta sindical do meu pai”, contou ele.
Leia a série Pioneiros da Transamazônica negociam pautas com governo federal
Parte I
Sessão solene na Câmara dos Deputados e encontro com a ministra Margareth Menezes
Parte II
Dialogo com ministros, autoridades estaduais, reitores das universidades, prefeitos e vereadores
(*) Por Cristina Ávila – Jornal Brasil Popular/DF, em 30 de novembro de 2023
SEJA UM AMIGO DO JORNAL BRASIL POPULAR
O Jornal Brasil Popular apresenta fatos e acontecimentos da conjuntura brasileira a partir de uma visão baseada nos princípios éticos humanitários, defende as conquistas populares, a democracia, a justiça social, a soberania, o Estado nacional desenvolvido, proprietário de suas riquezas e distribuição de renda a sua população. Busca divulgar a notícia verdadeira, que fortalece a consciência nacional em torno de um projeto de nação independente e soberana. Você pode nos ajudar aqui:
• Banco do Brasil
Agência: 2901-7
Conta corrente: 41129-9
• BRB
Agência: 105
Conta corrente: 105-031566-6 e pelo
• PIX: 23.147.573.0001-48
Associação do Jornal Brasil Popular – CNPJ 23147573.0001-48
E pode seguir, curtir e compartilhar nossas redes aqui:
https://www.instagram.com/jornalbrasilpopular/
️ https://youtube.com/channel/UCc1mRmPhp-4zKKHEZlgrzMg
https://www.facebook.com/jbrasilpopular/
https://www.brasilpopular.com/
BRASIL POPULAR, um jornal que abraça grandes causas! Do tamanho do Brasil e do nosso povo!
Ajude a propagar as notícias certas => JORNAL BRASIL POPULAR
Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.