Durante sessão do Knesset, premiê israelense pediu aos parlamentares que permaneçam ‘unidos contra a posição dos EUA’
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou nesta terça-feira (19/03) os planos para lançar uma ofensiva na cidade de Rafah, localizada no sul da Faixa de Gaza, um dia após ter sido alertado pelo presidente norte-americano, Joe Biden, a “não atacar” a região.
O posicionamento foi manifestado durante a abertura da sessão do Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, de acordo com um comunicado divulgado pelo gabinete de Netanyahu. A autoridade de Tel Aviv afirmou aos parlamentares presentes que “todos deveriam permanecer unidos contra a posição dos Estados Unidos de não entrar em Rafah”.
Apesar do alerta de Biden, o premiê revelou que, durante a conversa telefônica que teve com seu principal aliado, comprometeu-se a invadir o sul do enclave para “completar a eliminação do Hamas”, reforçando que as forças israelenses precisam garantir a “libertação de todos os reféns”.
“Não se pode dizer ‘vamos destruir apenas 80% do Hamas’, porque os 20% restantes vão se reorganizar e retomar a Faixa de Gaza”, declarou o israelense.
Netanyahu também comentou a respeito de sua decisão em enviar militares e funcionários israelenses a Washington, em um acordo firmado com Biden, com o objetivo de “ouvir as preocupações” norte-americanas sobre o que implicaria uma possível invasão a Rafah.
“Por respeito ao presidente [Biden], concordamos em uma maneira pela qual eles poderiam nos apresentar suas ideias, especialmente do lado humanitário. Naturalmente compartilhamos esse desejo de permitir uma saída ordenada da população e fornecer ajuda aos civis”, disse o premiê.
Posicionamento dos EUA
Após a ligação telefônica entre as autoridades israelense e norte-americana na segunda-feira (18/03), o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, revelou à imprensa que Biden separou três tópicos que justificam sua postura contrária a uma potencial operação em Rafah.
O primeiro ponto tratou da preocupação em relação aos mais de 1.5 milhão de palestinos que se encontram refugiados no sul do enclave, sem ter para onde ir. O segundo ponto abordou o fato de Rafah ser o principal ponto de entrada de ajuda humanitária. Sobre o terceiro tópico, Biden entende que uma possível invasão à região implicaria nas relações entre Israel e Egito.
“Nossa posição é que o Hamas não deve ter permissão para um porto seguro, em Rafah ou em qualquer outro lugar, mas uma grande operação terrestre seria um erro”, afirmou Sullivan, apontando que a continuidade dos ataques “levaria a mais mortes de civis inocentes, agravaria a já terrível crise humanitária, aprofundaria a anarquia em Gaza e isolaria ainda mais Israel internacionalmente”.
As operações israelenses, agravadas desde 7 de outubro de 2023, já causaram mais de 31 mil mortes no território palestino, de acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde em Gaza. Simultaneamente, a maioria da população local está em situação de deslocamento forçado e Rafah é considerado o último ponto de abrigo para os palestinos.