Só em 2023, mais de 159 mil empresas cerraram portas, alta de 27% sobre 2022; e foram criadas 283.249, aumento de 0,4%
Levantamento do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio) e do Sindicato dos Lojistas do Município do Rio de Janeiro (Sindilojas-Rio), baseado em dados da Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), revela que entre 2019 e 2023 mais de 393 mil empresas terminaram suas atividades no Estado do Rio, enquanto mais de um milhão de novos negócios foram abertos. O estudo mostra também a influência desse processo na economia fluminense e indica caminhos para a retomada do crescimento.
Nos números de abertura e fechamento de CNPJs incluem-se os microempreendedores individuais (MEIs). Além disso, o levantamento mediu o tempo de vida das empresas e cerca de 91,0% viveu até 10 anos, da seguinte forma: 15,3% sobreviveram por menos de um ano (taxa de mortalidade considerada alta); 59,8% viveram de um a cinco anos; e 15,9% entre seis e 10 anos.
Tomando como base 2019, quando foram abertas 249.046 empresas, a queda no ano seguinte refletiu a contração havida dos negócios em virtude da Covid, o que implicou taxa de -56,0%. Nos últimos cinco anos, 2020 correspondeu ao mais baixo número de abertura de empresas no Rio de Janeiro.
A recuperação econômica pós-pandemia acentuou a criação de empresas, notadamente em 2022, alta de 84,0% sobre 2021, patamar quase três vezes superior ao de 2020; e posicionado ligeiramente acima de 2019.
Já ano passado, observa-se proximidade do patamar de empreendimentos gerados na mudança de calendário, na casa superior a 283 mil, reflexo do crescimento de 0,4% em relação a 2022. Ao todo, entre 2019 e 2023 foram abertos 1.077.262 novos negócios.
Já no que se refere aos últimos cinco anos, foram fechados 393.330 empreendimentos, fruto da soma entre 2019 e 2023. Em termos relativos a maior variação aconteceu em 2022 (177,9%) com 125.573 unidades produtivas encerradas. Já em 2023, o número de empresas fechadas aumenta 27,3% para 159.905, expondo patamar de empresas acentuado.
Por causa do contingente populacional, concentração urbana e envergadura econômica, a Região Metropolitana encabeça o volume da abertura de empresas no estado: só em 2023 compreendeu a instalação de 218.899 novas organizações, patamar que vem crescendo nos últimos quatro anos.
Ano passado, Baixada Fluminense (14.787), Médio Paraíba (12.385) e Norte Fluminense (11.968) compuseram o ranking das quatro primeiras posições, regiões onde os empreendedores entenderam haver melhores condições para abrir empresas.
No quesito localização, as mesmas razões para a geração de negócios podem estar associadas às de desfecho. Ou seja, nas principais regiões, as mais ricas e populosas. Assim sendo, elas sofreram quantitativamente maior impacto da conjuntura da economia. Quanto maior o número de empreendimentos, maior poderá ser a quantidade de negócios que se fecham, também.
A Região Metropolitana, junto com Baixada Fluminense, Médio Paraíba e Norte Fluminense, responderam por 91,1% do número de negócios iniciantes em 2023. Comparando com 2019, há quatro anos estas quatro áreas participavam com 90,8%. O que representa mudança pouco significativa. No entanto, somente a Região Metropolitana respondeu por 77,3%.
A ligeira alta da taxa de abertura de negócios nessas quatro regiões pode ser indicativo de que não houve mudança estrutural na distribuição regional da constituição de negócios primários. Portanto, se a tendência aumentou um pouco, o número de novos estabelecimentos na Região Metropolitana e Baixada Fluminense pode ter sido devido à diminuição no Médio Paraíba e Norte Fluminense, provavelmente.
No caso do fim de empresas, as mesmas quatro regiões citadas como as principais também experimentaram maior número de fechamento. Em 2019, juntas significaram 89,4% dos encerramentos de empresas. Em 2023 a taxa praticamente manteve-se estável, com 89,7% dos registros. Apenas a Região Metropolitana concentrou 74,2%.
Num conjunto de 80 atividades econômicas o comércio varejista constitui-se na principal, na porta de entrada para o mundo dos negócios, sobressaindo-se em relação às demais. Isso confere a esse ramo de atividade concentração no número da abertura de empresas; seja pela natureza orgânica da atividade comercial de intermediação entre produção e consumo final; seja pela ocupação de oportunidades no mercado de bens e serviços; seja pela necessidade do empreendedor.
Além do comércio, atividades que lidam diretamente com necessidades essenciais das pessoas como alimentação; prestação de serviços; negócios para construção; transporte; produção de alimentos e conserto e compra/venda de automóveis e motocicletas foram outras atividades que atraíram o investimento para a confecção de empresas.
Quando se trata de prestação de serviços, pode ser que o empreendimento exija investimento menor; o empresário venha trabalhar remotamente de casa; haja alcance efetivo dos serviços prestados através do uso da tecnologia. Além desses fatores, muitas oportunidades têm sido preenchidas através da constituição do CNPJ por parte do empreendedor a fim de que possa estar vinculado ao trabalho em empresas.
Por esses motivos entre outros, é mais do que razoável estimar que a economia do Brasil – e do mundo – tende a evoluir graças ao crescimento do número de empresas do comércio e serviços, das atividades ligadas ao setor terciário.
Simetricamente, quase todos os ramos que atraíram investimentos para a abertura de empresas foram os que encerraram negócios, também. Isso está bem claro ao constatar comércio varejista, alimentação, serviços para a construção, transporte terrestre e outras atividades de serviços pessoais como os segmentos que mais fecharam empresas.
A taxa de mortalidade de empresas no Rio de Janeiro é alta se se considerar em 2023 que 15,3% não sobreviveram um ano; 59,8% conseguiram operar até cinco anos; e que na faixa de seis a 10 anos, volume de 15,9% fracassou.
Somando números tem-se 91,10% das empresas que foram abertas viveram até 10 anos na economia fluminense; sendo que percentual muito representativo de 59,8% oscilou entre um e cinco anos de vida.
De acordo com Antonio Everson, assessor econômico do CDL-Rio e do Sindilojas-Rio e responsável pelo estudo, um dos fatores que contribuem para esse volume de fechamento de empresas, é a dificuldades de elas se manterem a longo prazo no Rio.
Para Aldo Gonçalves, presidente do CDL-Rio e do Sindilojas-Rio, é preciso que o governo desenvolva políticas públicas que favoreçam mais o ambiente de negócios do Rio de Janeiro.
“Com isso o comércio lojista, já massacrado pelo peso da burocracia e da alta carga tributária, acaba sucumbindo e não encontra alternativa a não ser o encerramento de sua atividade”, diz Aldo.