Até hoje, a enchente de 1941 era considerada a maior da história da Capital
O Guaíba atingiu nesta sexta-feira (3) o maior nível já registrado. A medição oficial da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) apontou, às 21h, que as águas chegaram a 4,77 m na altura do Cais Mauá. O maior nível do Guaíba registrado até então era de 4,75 m, na enchente histórica de 1941.
A medição do nível do Guaíba foi interrompida durante a madrugada após a estação hidrometeorológica da Sema instalada no Cais Mauá apresentar problemas técnicos. Durante a tarde, a Sema e o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) instalaram emergencialmente sensores de nível para conseguirem acompanhar em tempo real a medição do Guaíba. Contudo, ao longo de toda a tarde, a única medição divulgada, às 15h, apontava uma cota de 4,58 metros.
A retomada da divulgação recorrente dos dados, coletados manualmente, ocorreu às 21h, quando já apontava 4,77. Conforme os dados atualizados pela Sema, a marca de 1941 foi superada entre 20h e 21h.
A cota de 4,58 m já era superior ao segundo maior nível registrado, 3,50 m, em 1873. Em novembro do ano passado, o Guaíba atingiu a marca de 3,46 m, maior desde 1941.
Durante a tarde, o governador Eduardo Leite já havia alertado para a situação crítica da cheia do Guaíba, que já atingia níveis históricos e iria continuar a subir ao longo do dia.
“A mensagem para as pessoas é: vai ser sem precedentes. Esqueçam tudo que vocês já viram de pior acontecendo de alagamentos e enchentes aqui na Região Metropolitana. Vai ser muito pior. O nível do Guaíba já é histórico e nós vamos ter, na tarde de hoje, ele chegando a mais de 5 metros de altura”, disse o governador.
O sistema de contenção de cheias de Porto Alegre, composto pelo Muro da Mauá e por diques que se estendem da região do Barra Shopping Sul a Freeway, é preparado para barrar as águas do Guaíba até um nível de 6 m.
Em conversa com o Sul21, o professor Rodrigo Paiva, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS), destacou que, apesar de o sistema de proteção da cidade ser planejado para proteger até uma cota de 6 metros, a cidade já vinha apresentando problemas, como o rompimento da comporta 14, na altura da Av. Sertório. No início da noite, também foi divulgada a possibilidade de rompimento do dique de contenção no bairro Sarandi, risco que foi negado pelo prefeito Sebastião Melo.