Empresas brasileiras também se movimentam e investimentos nos EUA atingem 2º maior valor da série recente
O ano passado marcou um recorde no número de anúncios de investimentos de empresas dos Estados Unidos no Brasil. Foram registrados 126 projetos, um aumento de 50% em relação a 2022, que contou com 84 projetos. Este é o maior número de anúncios de investimentos dos EUA no Brasil na última década, superando o pico anterior de 112 projetos em 2014.
Os dados são da ApexBrasil e a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) publicados na terceira edição do Mapa Bilateral de Comércio e dos Investimentos Brasil–Estados Unidos. A publicação não era atualizada desde 2019 e destaca “uma nova fase promissora nas relações econômicas entre os dois países, com um foco especial nos investimentos dos Estados Unidos no Brasil”.
O Mapa também destaca um aumento nos investimentos de empresas brasileiras nos Estados Unidos, que atingiram US$ 581 milhões em 2023, o segundo maior valor da série recente. Este aumento reflete um crescimento constante no interesse de empresas brasileiras nos setores de alimentos, químicos e produtos de metais.
Historicamente, os investimentos dos EUA no Brasil são direcionados para setores como financeiro, petróleo e gás, serviços de TI e manufatura. Entre 2013 e 2023, foram anunciados US$ 41,5 bilhões em investimentos, gerando cerca de 92 mil empregos. Os setores que mais se destacaram foram Software e Hospedagem Web (24,8%), Fabricação de Veículos (17%) e Armazenagem e Transporte (10,3%).
Em 2023, no entanto, houve uma mudança significativa, com concentração maior em tecnologia e economia verde. Dos mais de US$ 7 bilhões em investimentos greenfield (novas instalações) anunciados, a maior parte foi destinada a data centers (US$ 3 bilhões), minerais para transição energética, como lítio e alumínio (US$ 610 milhões), e energia eólica (US$ 230 milhões).
O CEO da Amcham Brasil, Abrão Neto, ressaltou a relevância dos números recordes alcançados em 2023: “Os Estados Unidos são o principal parceiro econômico do Brasil quando se soma comércio, investimentos e trocas de serviços. O ano de 2023, com 126 projetos e US$ 7,3 bilhões em investimentos anunciados por empresas dos Estados Unidos no Brasil, mostra fortalecimento contínuo dessa parceria. Esses números refletem um aumento quantitativo e um novo momento dos investimentos no Brasil, com foco em tecnologia, minerais críticos e energia limpa.”
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, destacou a profundidade e o dinamismo das relações econômicas entre os dois países: “Construímos um documento que traz todas as oportunidades de negócios para Brasil e Estados Unidos, que farão toda a diferença daqui pra frente. O comércio exterior entre os dois países é o melhor que nós temos, porque trabalha muito com produtos com maior valor agregado.”
Origem e destino dos investimentos dos EUA
A Califórnia se destacou como o principal estado de origem dos investimentos dos EUA no Brasil, ultrapassando Nova York, que liderou entre 2008 e 2017. Em termos de destino, São Paulo foi o principal receptor, captando US$ 17,9 bilhões em 360 projetos, que geraram cerca de 41,5 mil empregos. Outros estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também foram significativos, concentrando 85% dos investimentos greenfield.
Os EUA foram o segundo maior destino das exportações brasileiras em 2023 – atrás da China – totalizando US$ 36,9 bilhões. A maior parte das exportações brasileiras para os EUA é composta por produtos da indústria de transformação, como siderurgia, metalurgia e aeronaves. Já as importações brasileiras dos EUA são diversificadas, com destaque para hidrocarbonetos e petroquímicos.
A ApexBrasil e a Amcham identificaram 41 projetos setoriais com foco nos EUA e destacam oportunidades em 971 produtos para exportadores brasileiros, totalizando cerca de US$ 930 bilhões. Os principais grupos com oportunidades de exportações do Brasil aos Estados Unidos são: máquinas e equipamentos de transporte (169 grupos de produtos), obras de ferro e aço, materiais de construção em geral (308 grupos de produtos) e produtos de madeira e móveis, calçados, café não torrado e produtos químicos (485 grupos de produtos).
A terceira edição do Mapa de Investimentos ocorre no ano de comemoração do bicentenário das relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos, celebrado em maio.
Marcos de Oliveira, jornalista, formado pela ECO/UFRJ, é diretor de Redação do Monitor Mercantil e conselheiro da Câmara de Intercâmbio Cultural Brasil-China