Maioria dos trabalhadores brasileiros está insatisfeita com o salário atual; melhor remuneração é o principal objetivo dos que procuram emprego
No trimestre de maio a julho de 2024, a taxa de desocupação caiu para 6,8%, recuando 0,7 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre de fevereiro a abril de 2024 (7,5%) e caindo 1,1 p.p. frente ao mesmo trimestre móvel de 2023 (7,9%). Essa foi a menor taxa para um trimestre encerrado em julho na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, iniciada em 2012. A população desocupada caiu para 7,4 milhões, menor número de pessoas procurando por uma ocupação no país desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015.
Para a coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, “o trimestre encerrado em julho mantém os resultados favoráveis do mercado de trabalho que vinham sendo observados ao longo do ano, com queda da desocupação e expansão contínua do contingente de trabalhadores”.
O número total de trabalhadores bateu novo recorde, chegando a 102,0 milhões. Segundo o IBGE, esse contingente cresceu 1,2% (mais 1,2 milhão de pessoas) na comparação trimestral e aumentou 2,7% (mais 2,7 milhões de pessoas) no ano. Os dois principais segmentos da população ocupada também foram recordes. Os empregados do setor privado chegaram a 52,5 milhões, maior contingente da série, crescendo 1,4% (mais 731 mil pessoas) no trimestre e de 4,5% (mais 2,2 milhões de pessoas) no ano. Já os empregados do setor público chegaram ao recorde de 12,7 milhões, com altas de 3,5% (424 mil pessoas) no trimestre e de 3,6% (436 mil pessoas) no ano.
No setor privado, houve recordes tanto no número de empregados com carteira quanto no contingente dos sem carteira de trabalho assinada: 38,5 milhões e 13,9 milhões, respectivamente. O grupamento de atividade que impulsionou a ocupação no setor privado foi o comércio, com alta de 1,9% no trimestre, contribuindo com 368 mil novos trabalhadores para a população ocupada do país, nessa comparação. No ano, esse grupamento cresceu 2,6%. No trimestre móvel encerrado em julho de 2024, o número de pessoas ocupadas no comércio chegou a 19,3 milhões, recorde da série histórica da Pnad Contínua.
Segundo Adriana Beringuy, “parte expressiva da expansão da ocupação no comércio ocorreu por meio do emprego com carteira de trabalho assinada, o que contribui para a melhoria da cobertura de formalidade nessa atividade”.
No setor público, o recorde foi puxado pelos trabalhadores com carteira de trabalho assinada e também estatutários, que também atingiram seus maiores contingentes na série histórica da Pnad Contínua: 1,6 milhão e 3,3 milhões, respectivamente. O número de servidores públicos sem carteira cresceu 7,4% na comparação trimestral, o equivalente a mais 227 mil pessoas, no período. No ano, esse grupo cresceu 4,7%, ou mais 149 mil pessoas. Já o número dos servidores com carteira aumentou 10,6% (mais 151 mil pessoas) no trimestre e 13,6% (mais 190 mil pessoas) no ano.
Para a analista do IBGE, “a ocupação no setor público vem apresentando crescimento ao longo de 2024, principalmente entre os trabalhadores que atuam no segmento do Ensino Fundamental e na administração pública municipal”.
Ainda no setor público, o segmento dos militares e servidores estatutários, que ingressam na profissão através de concursos, ficou estável nas duas comparações, permanecendo em 7,8 milhões, contingente inferior ao recorde desse grupo (8,4 milhões), que fora atingido no trimestre encerrado em fevereiro de 2021.
No trimestre encerrado em julho, o rendimento médio real das pessoas ocupadas foi de R$ 3.206, com estabilidade frente ao trimestre móvel anterior e alta de 4,8% na comparação anual.
Já a massa de rendimentos, que é a soma das remunerações de todos os trabalhadores, chegou a R$ 322,4 bilhões, mostrando altas de 1,9% no trimestre e de 7,9% na comparação anual.
Por outro lado, segundo o estudo global “Talent Trends”, da Michael Page, a insatisfação com a remuneração influencia diretamente os profissionais brasileiros a procurarem novas oportunidades de emprego. De acordo com a pesquisa, 52% dos colaboradores do Brasil estão insatisfeitos com o salário atual, superando as médias da América Latina (50%) e global (42%).
“O salário continua sendo a prioridade dos profissionais ao aceitarem uma nova oportunidade ou se candidatarem a uma vaga. Cada vez mais é fundamental que as empresas ofereçam pacotes salariais competitivos e alinhados com as expectativas demandas pelo mercado de trabalho”, afirma Lucas Oggiam, diretor-executivo da Michael Page.
Metade dos brasileiros classificam o salário como o principal aspecto ao considerarem uma nova oportunidade de trabalho. Segundo o levantamento, 50% dos respondentes do Brasil definem a remuneração como prioridade, ficando atrás da média da América Latina (58%).
A pesquisa foi realizada em novembro e dezembro de 2023, em 37 países e contou com a participação de aproximadamente 50 mil profissionais em todo o mundo, que atuam em empresas de diferentes segmentos e portes. Das organizações brasileiras respondentes, 56% consideram o salário o fator mais importante para atrair candidatos, superando a média global (53%) e ficando atrás da América Latina (62%).
Com informações da Agência de Notícias IBGE