No balanço de 2024 que apresentou no fim do ano, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, começou com aquele número que virou um mantra desde quando era uma projeção otimista e não a realidade que veio a ser: o crescimento de 3,5% no PIB, o sinal mais categórico de que a economia do país está bem conduzida.
Isso não é nada bom para os grupos que sempre apostam no “quanto pior, melhor” e, quando isso não acontece, mobilizam todos os recursos de que dispõem para fazer com que o pior aconteça.
No fim de ano, aproveitam a complicada negociação com o Congresso sobre o pacote fiscal e o corte de gastos, junto com a ainda mais complicada questão das emendas parlamentares, para desencadear o ataque ao dólar que obrigou o Banco Central a gastar cerca de 8% das reservas internacionais do Brasil para estancar a sangria.
Isso já foi um aviso de que a guerra contra o governo Lula seria implacável e em todas as frentes possíveis.
Outros números do balanço de Gleisi confirmavam os avanços do governo Lula:
Crescimento do PIB de 3,5%, acima dos 3,2% do ano passado, lembrando que a média entre 2015 e 2022 foi de apenas 0,4% ao ano, com desemprego e pobreza crescentes;
O desemprego caiu para 6,1%, a menor taxa da história. 103 milhões de pessoas empregadas;
A taxa de pobreza caiu para a mínima histórica: 27,4%. A parcela de brasileiros em situação de miséria caiu para 4,4%, menor na história;
A renda média do trabalho cresceu 3%.
Dias depois, O Globo publicou, com exclusividade e grande destaque, um estudo da Tendência Consultoria, segundo o qual 51% dos domicílios brasileiros são habitados por famílias da classe C para cima, o que significava que o Brasil voltou a ser majoritariamente um país de classe média, como tinha começado a ser na primeira fase da Era Lula.
Essa informação deve ter mobilizado ainda mais os grupos de oposição ao governo, para encontrar um novo argumento para desestabilizá-lo: segundo o Banco Central, a inflação de 2024 ultrapassara o teto da meta estabelecido pelo próprio Banco Central. Galípolo, o presidente do BC nomeado por Lula, escreveu então uma carta ao ministro Fernando Haddad, explicando que essa ultrapassagem da meta tinha como principal razão o ataque ao dólar. Com isso, ficou claro que em 2025 a questão da inflação será uma das maiores frentes de combate a Lula.
E a presença de Trump no governo dos Estados Unidos estimularia ainda mais os esforços para desestabilizar o governo Lula.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor, é colunista do Jornal Brasil Popular com a coluna semanal “De olho no mundo”. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993); A História da Petrobrás (2023). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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