O ex-deputado Rubens Paiva, que tem seu desaparecimento contado no filme Ainda Estou Aqui é um dos que tiveram a certidão de óbito alterada para incluir a violência da ditadura militar como causa da morte
O Conselho Nacional de Justiça determinou, em Dezembro, o reconhecimento das acções violentas perpetradas pela ditadura empresarial-militar nas certidões de óbitos dos desaparecidos durante o regime. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade reconhece 434 mortes e desaparecimentos neste período.
A decisão acontece em meio ao grande sucesso do longa-metragem Ainda Estou Aqui, do realizador Walter Salles. O filme conta a história de Eunice Paiva, que perdeu seu marido, Rubens Paiva após este ser levado de sua casa por militares.
Agora a certidão de óbito do ex-deputado Rubens Paiva é uma das beneficiadas pela medida. Seu documento foi retificado 54 anos após sua morte para constar como «não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964». Apesar de assassinado em 1971, a família de Paiva só obteve o registo oficial de seu falecimento em 1996, após décadas de luta de sua esposa Eunice Paiva e outros familiares de perseguidos políticos.
A deliberação do Conselho Nacional de Justiça havia sido originalmente proposta pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e pela Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e caminha no sentido de responsabilizar os militares pelos crimes políticos destes 21 anos de ditadura.
Fonte: Abril Abri