Passaram-se mais de 200 mil anos de “homo sapiens”, o ser que sabe. Será que sabe mesmo?
Porto Alegre e o Rio Grande do Sul foram abalados, neste maio, por um dos maiores infortúnios de sua História.
Ligaste para amigos/as para saber como eles estão? As tempestades passaram? O que perderam? Como estão? O que precisam de ti? Ou se pode ajudar algum desamparado?
No momento da maior enchente de todos os tempos no Rio Grande do Sul, em especial em sua capital, eu me pergunto: você conhece as pessoas de fato? Será que nós nos conhecemos? Como age o chamado Ser Humano? Este animal dito racional?
Os negacionistas aproveitam para pregar “sua (i)moralidade”, dizendo que não se pode politizar. E aí vejo um posudo tucano ao lado do presidente, com cara lavada, sendo o autor de relatório do desmatamento desenfreado. Temos gente no governo local que são expressão maior do negacionismo climático. Vários deputados daqui pensam assim. Tem até um vereador, aquele racista de Caxias do Sul, pregando o corte de árvores porque pesam demais, ajudando nos deslizamentos. Que cabeça, hein?
E os senadores negacionistas o que estão fazendo? Silêncio sepulcral.
E o outro que queria derrubar o muro? E aqueles moderninhos que queriam cortar o muro pela metade?
Onde andam? Porto Alegre para quem não conhece, tem um muro às margens de seu cais, como tem longos quilômetros de diques e comportas, como casas de bomba para que não haja inundações.
Então, querem mais exemplos? Pensem nos seus parentes idosos? Quem visita, quem liga para os seus para o necessário acarinhamento da pessoa idosa? Vos digo: nem no Natal, nem no aniversário da vó alguns não ligam.
Um amigo me disse que,em cada família, existe um “psicopata social”. E se a pessoa disser que não tem, certamente é ela mesma.
Descreio da Humanidade? Não, evoluímos. Mas de tempos em tempos, como foi o nazifascismo, os homens desfilam a Banalidade do Mal.
Mas que demos passos e passos atrás nos últimos tempos, ah, isto demos. Depois do nazifascismo, pensavam os estudiosos que a Humanidade daria passos à frente. Mas daí veio a Guerra do Vietnã, e famílias incentivaram seus filhos a morrer, sim, lutar para morrer. Chorou-se a morte, os descapacitados, dos endoidecidos na volta. E daí? Vieram outras guerras, como veio o genocídio de Ruanda.
Agora, temos na nossa cara, ao vivo e a cores, as mortes em Gaza e na Ucrânia. Para quê?
Conheces Balneário Camboriú e região? Podemos não vivenciar, afinal cheguei aos setenta, mas talvez pego a desgraça antes de chegar aos cem: vai acabar, e mal!
O modelo de consumo engolirá o consumidor. Cortamos árvores e acaba a sombra, acaba a nascente, nasce a soja para alimentar o porco do outro lado do mundo. É insano.
Plantamos mais e mais eucaliptos para termos uma das maiores papeleiras do mundo, para quê? Menos papel é usado, mas mais invólucros de papelão, para quê? Proteger? Não para por propaganda. Insano.
O mundo insano com pessoas insanos trouxe uma seca na Amazônia e agora cheias sem fim no Sul.
Até quando?
Ano que vem tem Conferência do Clima na Amazônia. O que restará? O que será feito?
Ou mudamos, ou vamos acabar.
(*) Por Adeli Sell é professor, escritor, bacharel em Direito e vereador do PT em Porto Alegre-RSa