Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o quemelhor se adapta às mudanças. Nada é permanente, exceto amudança. Toda reforma interior e toda mudança para melhordependem, exclusivamente, da aplicação do nosso próprio esforço. Amudança é a lei da vida.
Todos erramos. Mas é inaceitável continuar errando.
O mesmo podemos dizer dos governantes.
Guerras cruéis entre irmãos, repetidas vezes, isso levou o chamado “continente” rio-grandense a ser um Estado numa eterna briga entre o suposto arcaico e o moderno. Os ditos modernos, a começar pelos castilhistas, deixaram o pampa ao deus dará, acusando todos os adversários de maragatos. Os farrapos vacilaram entre cindir, por isso autoproclamaram a República Rio-grandense, ou enfrentar o Império e permanecer numa Federação.
Na vida privada, nas relações familiares, na condução de nossas empresas, de nossos projetos erramos também. Se erramos é porque pensamos mal.
Os dinossauros foram dizimados apesar de sua força e tamanho, porque a força da Natureza foi maior. Pequenos bichos entocados sobreviveram. Há pessoas inteligentes que não usam sua capacidade mental para se focar nalguma coisa viável, possível de dar resultados. A dispersão, por exemplo, é a maior inimiga dos inteligentes.
O que conta na vida é a eterna mudança das coisas. A Kodak parecia um diamante indestrutível, mas como tudo que é sólido se desmanchou no ar.
A Ford é o melhor exemplo da força da mudança. Do Ford bigode mudou para oLincoln, queapresenta o Star Concept, um SUV totalmente elétrico com elementos de minivan.
O mundo foi e vai mudando. Do sistema fordista passou ao toyotismo. A máquina de escrever deu lugar ao desktop e mais: com um telefone inteligente fizemos quase tudo, até a BibliotecaReal de Alexandria acessamos.
Os erros levam a duros tombos. Erros como o da Kodak por não ver a tecnologia que estava à sua mão lavaram-naà derrocada.
Se a velha geração dos magnatas da indústria já errava, imagina no mundo atual em que tudo é líquido? Em que muitos herdeiros querem viver das benesses do árduo trabalho dos avós. Vejam o abre e fecha de lojas em shopping centers no país, um verdadeiro cemitério de suados capitais.
Siga uma crônica de lembranças de uma rua de uma grande cidade, seja a Rua da Praia em Porto Alegre ou a antiga Ladeira da Misericórdia, no Rio de Janeiro,e vão descobrir como as coisas são cíclicas e mutantes.
O mundo do caixeiro viajante deu lugar ao comércio eletrônico e a entrega por aplicativos.
E aí ficamos vendo, ouvindo, analisando os modismos via instagram, facebook e outros, os quaisvendemfacilidades, tudo é fácil, é só dar um clique. Nada mais “fake” do que isso…
Não se sustentam estes discursos. Quem ganha com eles é uma meia dúzia de pessoas que se acham “influenciadores/as”. Estas pessoas também vão sumirno mar revolto do mundo líquido. E quem perde já é quem foi na conversa desta gente. É o mundo dos espertos.
O Mark Zuckenberg se acha o mais esperto, mas o Ellon Musk também.
Zuckenberg já perdeu fortunas num único dia. Musk ainda está no seu ciclo sustentável, enquanto Mark entrou num ciclo da insustentável dureza de seus erros. Porém, a arrogância de Musk vai derrubá-lo de uma nave especial.
A ganância é sempre um erro. Médico deixa de clinicar, de atender pacientes no hospital e na sua clínica e monta um esquema informacional de “dar dicas”, com likes etc e tal. Esta gente conquistaos incautos, e estes só perdem.
A influenciadora dá dicas de beleza, ganha seguidores e likes, vendendo marcas.
Ambos se vendem como modernos, mas,às vezes, na vida privada são atrasados, conservadores e preconceituosos.
Quantos tempos duram estes seres em evidência ou já caíram na dureza de seus erros e de sua enganação?
Vender mais barato que todo mundo, cobrir preços de concorrentes é possível? Não. Só se for criado um esquema de sonegação, de vender produtos de quinta categoria. Enganam, mas jamais a vida toda.
Muitos vão nos contestar dizendo que a Coca-Cola, por exemplo, é sólida e não se desmancha no ar. Sim, há exceções. Mas o seu ciclo borbulhante eascendente não é linear. Pessoas que prezam a saúde, que têm consciência de que alimentos podem tanto ser remédioscomo podem ser venenos, não tomam Coca-Cola. E este público tende a aumentar, logo as vendas deste produto vão cair.
E o que tudo isto tem a ver como os seres mais comuns, com os mortais? Tudo a ver.
Vamos pegar o setor da construção. Mudam materiais. A areia que era tirada ilegalmente de rios, causando danos, é substituída pelo pó de brita, devidamente licenciado.
A madeira de lei tirada de florestas nativas dá lugar a árvores oriundas de reflorestamentos devidamente ordenados.
Os produtos que compõe o vidro (areia, calcário, barrilha alumina) são finitos. Mas então por que não se reciclam por aqui as garrafas, indo para os lixões. É o maldito mercado. É o mercado se sobrepondo à preservação ambiental. Porém, uma saída urgente terá que ser encontrada. Se na Suécia se recicla 98% de tudo, aqui teremos que caminhar por este caminho, para não desaparecermos.
Erros também se cometem na condução de empresas. Muito se fala em governança, compliance corporativo, proteção de dados, códigos e ética e conduta. Mas isto mais aprece no site das empresas do que na vida real.
Esta enganação é insustentável também. Mais dia, menos dia o sistema de mentiras cai como castelo de areia.
Temos leis claras e precisas no Brasil sobre estes temas. Infelizmente, as autoridades cobram pouco.
Mas empresas que partem de sua boa-fé, que buscam parceiros iguais, vão começar a cobrar novas posturas. Ou não haverá mais negócios.
Na atual economia de mercado, do capitalismo de vigilância, é mais fácil ganhar dinheiro com os dados das pessoas, como faz o Faceook, o Google e outros do que abrir estradas e asfaltá-las no Brasil para circular nossa produção. É mais fácil trabalhar com commodities do que diversificar a produção, mas pode ir tudo pelo chão, quando os preços internacionais vão às nuvens, quando há uma guerra e não se tem insumos como os fertilizantes. A Ucrânia estranhamente como a Rússia estão a fazer “divisas” com a gente.
O produtor de porcos e aves está quebrando. Não tem como bancar insumos nesta conjuntura. Perdemos todos nós, no país em que a fome bateu os 33 milhões de miseráveis de fato.
Ao cortar as verbas do PRONAF o governo mata o pequeno produtor de alimentos, aquele que coloca 70% deles em nossas mesas.
Erro e insustentável é desmatar, em especial a Amazônia.
Insustentável e errado é não incentivar com apoio creditício a agricultura familiar.
Um país de águas fartas não pode contaminá-las, tem que ter projetos de açudagem para produzir peixe em cada propriedade do país, em especial neste Meridional.
Nada poderia se perder e se desperdiçar, porque com a fome, o desperdício de alimentos é um escárnio.
A separação, a coleta, a reciclagem e o reuso deveria ser uma política nacional.
Mas teimamos em errar: destruindo o que se pode (re)aproveitar.
Erramos em permanecer nos erros.
Erram os governos pela inércia e pela omissão.
A insustentável dureza de nossos erros é acreditar em falsos projetos, profetas de meia pataca, pastores presidiários de almas penadas.
A insustentável dureza é acreditar nas mídias corporativas nas mãos de uma dezena de famílias, que confundem jornalismo com tomar o partido do poder.
A insustentável dureza de nossos erros é crer em fake news, governantes inescrupulosos, em benesses pré-eleitorais.
Erramos, sim, o ser humano pode errar. Mas é burrice permanecer no erro.
O mundo está a exigir uma nova revolução, para sair deste Estado miliciano, para se livrar da polícia que mata inocente, de juízes que costumam errar e permanecer no erro, em promotores que jogam para a torcida. Esta parte final aprendemos nas aulas de Direito, com nossos amados mestres.
Permanecer no erro é acreditar que chimango era progressista e que maragato era reacionário.
A insustentável dureza de nossos erros é não distinguir os governos pretéritos, colocá-los todos no mesmo saco e achar que apenas os nossos acertaram em tudo.
A insustentável dureza de nossos erros é não fazer autocrítica.
No mundo não cabe apenas a nossa verdade, mas certamente não cabe qualquer mentira desta escumalha da sociedade. Não se trata de quizílias, trata-se de verdades.
A insustentável dureza de nossos erros é não aceitar que erramos!
(*) Por Adeli Sell, escritor, professor e bacharel em Direito.
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