Acabo de ser inocentada de um processo que respondo desde o ano de 2010. Nesse período, pude ver de perto como uma denúncia falsa e leviana pode se arrastar por anos, macular reputações, suscitar condenações sumárias e todo tipo de linchamento público. Não foram poucos os ataques que sofri de alguns veículos de imprensa, nas mídias sociais, na sociedade e até mesmo de adversários políticos no Parlamento.
Num processo macabro de demonização da política e do Partido dos Trabalhadores, o simples fato de ser denunciada ou se tornar ré, transforma-se em sinônimo de condenação e culpa. Não há qualquer respeito por parte de amplos setores da sociedade ao devido processo legal e à presunção de inocência.
Importante ressaltar que todo o processo de suposta apropriação indevida do salário de uma ex-assessora surgiu porque fui vítima de uma tentativa de extorsão. Como não compactuo com qualquer tipo de chantagem, procurei eu mesma a Polícia Civil e a Polícia Federal para provocar a reparação dessa atitude vil, completamente eivada de má-fé.
Mas tenho de confessar que tudo isso nunca me abateu. Enfrentei todo o processo de cabeça erguida, de pé. Não fiz qualquer manobra para fugir da Justiça, como faz a família Bolsonaro. Sempre estive convicta da minha inocência e vi, no processo, uma oportunidade para que ela fosse, definitivamente, atestada. Após a oitiva das testemunhas e a juntada das provas, fui, enfim, absolvida. O próprio Ministério Público, autor da ação, decidiu não recorrer da decisão judicial, a qual já se encontra como transitada em julgado. Prevaleceu a justiça e a verdade!
A decisão judicial coaduna com uma história de mais de 45 anos de vida pública sempre pautada pela ética, lisura e o mais absoluto respeito aos recursos públicos. Minha atuação política e cidadã sempre esteve calcada num irrenunciável compromisso com a defesa do bem público e comum.
Por fim, exijo que os meus detratores, em nome do restabelecimento da verdade, tenham a dignidade de subir à tribuna, também, para divulgar que sou inocente. Esses mesmos que fizeram ampla campanha difamatória quando me tornei ré, acabaram de eleger um réu para a presidência da Câmara dos Deputados que, dificilmente, poderá provar sua inocência.
Como não podem nos enfrentar no campo das ideias, utilizam-se, de forma covarde, de denúncias infundadas para tentar nos jogar na vala comum. São hipócritas que se calam, por exemplo, diante do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado pelo filho do Presidente da República com milicianos e o Queiroz.
(*) Erika Kokay – deputada federal (PT-DF)