Ela já está no mês cinco do ano quatro.
Pintou e inaugurou uma Nova Era na Biblioteca Campesina, dando um toque hiper feminino neste espaço incrustada numa cidade da Bahia profunda mas que, como já se disse incontáveis vezes, mesmo assim desfruta do status de ser a melhor do oeste baiano.
Como tudo começou?
Posso afirmar que a gênese se deu numa manhã de sol primaveril de outubro em 2019, ocasião em que a vi pela primeira vez.
Naquele momento, muito longe da gente perceber ou suspeitar que naqueles microssegundos do nosso cruzamento inesperado se estava detonando a abertura da vereda que a levaria a compartilhar comigo o zelo desta entidade cultural de quatro décadas e meia quase.
E cinco meses depois, exatamente na terça 5 de março, às 9 e 20, ela atravessou o pórtico da minha sala. Veio buscar o exemplar do Alcorão. Suponho que alguma voz pairando no ar tenha dito pra ela: um dia você vai ocupar, resistir e produzir nesta sala.
A profecia se realizou. Na longa jornada de 44 anos de Campesina, foi a única a fazer da até então minha nossa sala.
Fato incontestável é que desde 4 de janeiro de 2021 ela vem coprotagonizando comigo uma espécie de Revolução Cultural a partir daquele primeiro ano desta década.
É detentora de um dos mais elevados Quocientes de Inteligência [QI] de que tenho conhecimento, entre 110 e 120 na minha concepção.
Autodidata, domina os idiomas de Cervantes e Shakespeare com facilidade.
Se me fosse dada a tarefa de elencar as cinco melhores bibliotecárias da Campesina ao longo da sua existência e resistência, ela estaria rankeada no topo, ladeada por outras de semelhante naipe.
Essa grande figura humana sobre quem redigi estas linhas é Thaise Diamantino Coelho.
Que está na iminência de entrar para o Clube das Letrólogas, a única que conheço.
Sutilmente, ela tornou a Campesina, que até dezembro de 2020 se encontrava em estado letárgico, novamente exuberante, fulgurante, um verdadeiro diamante, paraíso terrestre para o locutor que vos fala.
Damos, finalizando, gracias a las diosas y a los dioses que a conduziram até nosso Templo de Cultura, casa de mulheres, homens e livros.
Biblioteca Campesina, 2 junho 2024.
Bônus> https://www.youtube.com/watch?v=SXLv4a2st4s
A Nova Estrela, de Frederiko & Wagner Tiso
Som Imaginário [1971]
(*) Joaquim Lisboa Neto, colunista do Jornal Brasil Popular, coordenador na Biblioteca Campesina, em Santa Maria da Vitória, Bahia; ativista político de esquerda, militante em prol da soberania nacional.