A categoria bancária sempre esteve na vanguarda do movimento sindical brasileiro e se destacou pela sua organização, politização, mobilização e capacidade de luta fundamentais para a conquista de uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) de abrangência nacional, que quase foi atingida mortalmente na campanha nacional de 2018, ao fim da vigência do nosso primeiro acordo bianual.
A nova legislação trabalhista, sancionada em julho do ano anterior, teria afetado 43 cláusulas, ou seja, 61% da Convenção dos bancários, se não tivéssemos fechado um acordo de dois anos em 2016. Os banqueiros bem que tentaram agir pela nova legislação, em total desrespeito à CCT, mas foram contidos pela resistência da categoria e sua representação sindical.
Sendo 2018 um ano atípico, com copa do mundo de futebol, eleições para Presidência da República, senado, câmara federal, governos estaduais e assembleias legislativas, tivemos que começar a campanha nacional mais cedo, como estratégia para chegarmos à data base com um novo acordo firmado. Essa pressa na organização e mobilização dos bancários objetivava o fechamento de um acordo com os bancos até o dia 31 de agosto, em virtude de a nova legislação trabalhista ter excluído a ultratividade; cláusula que garantia a manutenção de todas as cláusulas da nossa convenção até o fechamento de um novo acordo com os banqueiros.
A campanha foi difícil e muito tensa. Mas, graças à unidade, mobilização e disposição de luta de bancários e bancárias, conseguimos fechar em tempo hábil mais um acordo de dois anos com ganho real de salários e a manutenção do modelo de distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
Este ano de 2020, continuamos sob uma terrível pressão dos banqueiros e do governo ultraliberal, além da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e as sucessivas medidas provisórias e projetos de lei que retiram cada vez mais direitos da classe trabalhadora.
Como se não bastasse tudo isso, muitos companheiros bancários ainda seguem anestesiados pelas fake news de Bolsonaro e do gabinete do ódio. Mas, no movimento sindical também nos deparamos vez por outra com posições equivocadas e descabidas, a exemplo da campanha contra a aprovação do estatuto da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), que quase deixou os funcionários do banco público sem plano de saúde.
Por tudo isso, insistimos na unidade e mobilização da categoria em busca de mais um acordo que mantenha o máximo de nossas cláusulas, o emprego, ganho real de salários, PLR satisfatória e, principalmente, que seja de dois anos para nos proteger das incertezas conjunturais. A manutenção de nossas cláusulas será diretamente proporcional à nossa disposição de luta.