Olá a todos e todas! Obrigado pela atenção por dedicar um tempinho para passar os olhos nestas mal (jamais mau) traçadas linhas, de um escriba que está de passagem pelo Planalto Central do país, vindo do labor do Norte, de origem carioca e quase cubano por opção e querência, por aquelas pessoas cheias de solidariedade caribenha.
Fui convidado para contribuir com o Jornal Brasil Popular, uma saudável tarefa, para um sonhador que quer divulgar textos e pensamentos que estão fora do padrão conceitual da grande mídia, e que vai ao encontro da linha editorial deste site de jornalismo.
Meu interesse em ocupar este espaço é focado em uma sociedade justa, igualitária, solidária e sem exploração e no fortalecimento da democracia.
Defendo que minha expressão não seja enviesada, nem titubeante, mas como diz na Biblia: “se eu me calar as pedras clamarão”.
Poderia falar sobre a desigualdade entre os poucos ricos e os muitos pobres, já que os 1% que atualmente ficaram mais ricos, mais que dobraram suas fortunas, enquanto os pobres continuam mais pobres e, pior, a quantidade de pessoas em condições de vulnerabilidade cada vez mais aumenta… Mas neste momento refletirei sobre um outro tema: as mudanças climáticas. Esse fenômeno que atinge a todas as pessoas, independentemente da condição financeira, mas que por razões óbvias, de novo, afeta mais fortemente os vulneráveis.
Para se ter ideia, me debrucei sobre os dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil (http://atlasdigital.mdr.gov.br/) para analisar informações dos anos de 1991 a 2022 e fiquei estarrecido pela quantidade de eventos graves registrados: Climatológicos (31.197), Hidrológicos (23.611), Meteorológicos (5.910) e outros (1.555).
Estes eventos produziram uma média de 1.946 desastres anuais, no período observado. Significa constatar que saímos de uma média de 1,1 eventos por dia (403 anuais) em 1991, para uma média de 13 eventos diários (4.749 anuais), em 2022.
Estes números mostram um crescimento exponencial das ocorrências e em muitos locais ao mesmo tempo, o que é preocupante, pois exige ações emergenciais de todos, especialmente do Poder Público, com impacto social e econômico graves.
Estes dados me lembraram de um samba-enredo da Unidos da Tijuca, de 1983, que no título dizia: “Brasil: devagar com o andor que o santo é de barro”, desculpem a licença poética, mas com relação ao clima, se continuarmos produzindo alterações climáticas, não vamos dar conta das emergências, ou seja, se continuarmos assim vamos quebrar até o andor do santo!
Voltando à racionalidade, a COP 28 foi um marco e uma inflexão a tudo que foi tratado até o momento para frear as mudanças climáticas. Ficou claro que não haverá diminuição do consumo de hidrocarbonetos (petróleo e fracionados) e, por consequência, não haverá diminuição da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Que encruzilhada!
Mas… o que fazer? Há saídas?
Acredito que deve-se se manter a pressão pela redução na emissão de gases de efeito estufa, principalmente, com a diminuição do consumo de hidrocarbonetos. Penso também que toda a sociedade (poder público, sociedade civil, população em geral) deve aprender e executar ações de adaptação às mudanças climáticas para que a vida não seja tão afetada pelos eventos que estão em franco crescimento.
Mas o que é a adaptação às mudanças climáticas? Este já será o próximo assunto, a ser tratado nesta coluna. Todavia, podemos entender de acordo com o IPCC (2014), que adaptação à mudança do clima “relaciona-se ao processo de ajuste de sistemas naturais e humanos, ao comportamento do clima no presente e no futuro”.
Este é um exercício duro e urgente de aprendizagem e de execução, porque os eventos já batem às nossas portas, os desastres são graves, estão em forte crescimento e afetam, sobretudo, os mais vulneráveis – que mais sofrem cruelmente.
Então, se viver é preciso, vamos nos adaptar para podermos sonhar.
(*) Artur de Souza Moret, físico, doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos é pesquisador amazônico em Energia Renovável. Marxista, Ambientalista, Pacifista e anti Capitalista.