Olair Nunes dos Santos, é agricultor há mais de 30 anos e nunca tinha visto uma seca como esta no Rio Grande do Sul. Nascido no município de Redentora, localizado na região do Alto Uruguai, Olair “sempre se viu na roça, no campo desde que me conheço”, lembra. Ele e sua família vivem no Assentamento Itapuí no município de Nova Santa Rita, na Região Metropolitana.
E nesta terça-feira não foi diferente, Olair atendeu a reportagem do Brasil Popular, por telefone, na lida do campo. Enquanto falava, vislumbrava o horizonte atual e comentava, “a gente está no limite, não temos água nos açudes”. Neste ano já foram perdidas colheitas de moranga, batata doce, aipim e milho. A prefeitura de Nova Santa Rita já cedeu água para a irrigação. E o tempo nublado, prevendo chuvas são esperanças para a chegada do inverno.
A estiagem que já era grande, se agravou ainda mais com a Pandemia. São mais de 250 municípios gaúchos enfrentando uma seca prolongada, segundo levantamento da equipe do deputado federal Elvino Bonh Gass. Apesar das perdas, o ânimo não esmoreceu, segundo Olair, pelo contrário. “Isto faz parte da nossa vida”, acrescenta.
A luta e a parceria são ainda mais presentes para enfrentar dias tão difíceis. Toda as semanas a família mantém o atendimento nas feiras em Canoas e Porto Alegre, tarefas tocadas pela esposa e o filho. Para garantir a comercialização neste período, mantém a produção de hortigranjeiros. Junto com isto, solidariedade fala mais alto e parte da produção vai para integrar as cestas básicas que são distribuídas para pessoas em situação de vulnerabilidade social pelo MST.
Resposta do governo estadual ainda não veio
Uma pauta de reivindicações foi entregue para o governo do estado no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, pelo MST junto com o Movimento dos Pequenos Agricultores. Foram pedidos incentivos para a construção de cisternas, para a cadeia do leite, um Programa de Aquisição de Alimentos, e agora com a Pandemia, a possibilidade da entrega de cestas básicas para os agricultores.
Até agora ainda não houve nenhuma resposta por parte das autoridades. De acordo com a Secretaria da Agricultura do RS, mais da metade dos municípios gaúchos já decretou situação de emergência por problemas causados pela estiagem. As perdas nas lavouras já chegam a 45% em algumas culturas, como da soja. Em relação ao milho, a produção deve ser 30% menor, mesmo percentual da safra da maçã. A alta do dólar e a Pandemia da Covid-19 deixam a situação ainda mais alarmante.