PF descobre que relatório de inteligência foi passado a Torres pela então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, delegada Marília Alencar
Quase três meses após a invasão golpista de Brasília em 8 de janeiro, o então Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, fica ainda mais encrencado.
As apurações sobre os responsáveis daquele dia fatídico revelam que após o primeiro turno, o ex-ministro teria recebido “boletim” da então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, delegada Marília Alencar, para saber quais cidades Lula fez mais votos e esquematizar operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o acesso de eleitores aos locais de votação no segundo turno.
BOMBA! PF encontrou relatório de urnas com mais votos no 1º turno em Lula no Ministério da Justiça de Bolsonaro comandado por Anderson Torres. Dias depois, a PRF fazia blitz justamente nesses locais no 2º turno. Que Bolsonaro vá fazer companhia a Torres, que já está preso!
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) April 2, 2023
Esse “boletim de inteligência” é uma das mais recentes descobertas da Polícia Federal (PF). A então diretora Marília Alencar, posteriormente, foi trabalhar com Torres na Secretaria de Segurança do DF.
A investigação em torno do assunto ganhou impulso quando se percebeu que a delegada tentou apagar o “boletim de inteligência” do seu celular, mas a PF recuperou parte do material.
Minuta do Golpe
Em relação ao documento, encontrado em sua casa pela Polícia Federal, que dava aval jurídico para que o ex-presidente Jair Bolsonaro contestasse a eleição – texto que ficou conhecido como “minuta do golpe” –, Torres disse à PF que quem havia lhe dado o papel foi sua secretária.
Entretanto, segundo a coluna de Lauro Jardim em O Globo, em seu depoimento à PF a secretaria foi taxativa: “Nunca entreguei nada”.
Ao mesmo tempo, outro foco de complicações para o ex-ministro é o seu envolvimento mais direto com o processo eleitoral do que se imaginava.
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Há também uma viagem fora de agenda de Torres à Bahia, em um avião da FAB, dias antes do segundo turno. Acompanhado do então diretor da PF Marcio Nunes, o ex-secretário foi pressionar o então superintendente regional, Leandro Almada, a atuar na operação no dia da eleição, dando apoio à PRF, diz a mídia.
Anderson Torres está preso desde o dia 14 de janeiro, quando voltou dos Estados Unidos para o Brasil sob pedido da Justiça após as invasões em Brasília no dia 8 de janeiro. Segundo o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, Torres foi “no mínimo omisso” diante dos atos, visto que entrou de férias um dia antes de tudo acontecer.
Com informações da agência Sputnik Brasil
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