Após o PDT votar a favor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 23/2021 (PEC dos Precatórios), o ex-ministro e pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes anunciou, nas redes digitais, que suspendeu sua pré-candidatura pelo partido. Ele diz que recebeu a notícia como uma “surpresa fortemente negativa”. O pedetista pede que a sigla “reavalie sua posição”.
Há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios.
É o que sinto, neste momento, ao deparar-me com a decisão de parte substantiva da bancada do PDT de apoiar a famigerada PEC dos Precatórios.
— Ciro Gomes (@cirogomes) November 4, 2021
A mim só me resta um caminho: deixar a minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição.
Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo.
— Ciro Gomes (@cirogomes) November 4, 2021
Em uma sequência de postagens no Twitter, Ciro desabafa sua decepção com a bancada do PDT, que colaborou com 15 votos para assegurar a vitória do governo Bolsonaro, na madrugada desta quinta-feira (4), quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aplicou várias manobras ilícitas para garantir a vitória do governo Bolsonaro que estava dada como derrota.
O PDT contribuiu com 15 votos fundamentais a favor do Palácio do Planalto. Somente seis deputados, de uma bancada de 24, votaram contra a proposta, que passou por uma margem de quatro votos a mais que o mínimo necessário, de 308.
Para assegurar a vitória do governo, atraindo mais apoios para a chamada “PEC dos Precatórios”, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, editou uma norma oficial no início da noite de quarta-feira (3/11) para dispensar de registro biométrico de parlamentares que estejam em missão oficial fora da Casa. A medida vale para sessões e reuniões.
A ideia era permitir a participação desses deputados na votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 23/2021, que pode ser avaliada pelo plenário ainda nesta data e enfrenta resistência mesmo entre bancadas de partidos alinhados com o governo Bolsonaro.
Em postagens sobre o conteúdo dessa PEC, Maria Lucia Fattorelli, coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida, denunciou a verdadeira função dessa proposta e disse que em nenhum momento o texto menciona o tal Auxílio Brasil, que revogou o Bolsa Família e aumentou a lista dos 20 milhões que já passam fome por causa da política econômica do governo Bolsonaro.
“Você já leu o texto da PEC? Ela NÃO FALA DO AUXÍLIO Brasil, mas sim do esquema da SECURITIZAÇÃO, que rouba os impostos que pagamos e que a mídia não comenta!”, disse. Em seguida, denuncia a manobra de Lira: “Escândalo! Vale tudo para aprovar o esquema fraudulento da Securitização que desvia os impostos que pagamos e sequer alcançarão os cofres públicos! Adeus orçamento público; adeus Lei Orçamentária: o mercado vai se apoderar do $$$ dos impostos, sem análise da CCJ, na surdina!”
Escândalo! Vale tudo para aprovar o esquema fraudulento da Securitização que desvia os impostos que pagamos e sequer alcançarão os cofres públicos! Adeus orçamento público; adeus Lei Orçamentária: o mercado vai se apoderar do $$$ dos impostos, sem análise da CCJ, na surdina! https://t.co/vEdwCjiN0U
— Maria Lucia Fattorelli (@mlfattorelli) November 4, 2021
No País inteiro, as pessoas comentam a aprovação da PEC por meio de vários golpes e, nos bastidores, muitos comentam que Ciro Gomes está apenas jogando para a plateia. No entanto, em suas postagens, ele disse que “temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo”, afirma.
Ele cita justiça social e diz que ela não pode ser confundida com calotes e clientelismo. “Não podemos compactuar com a farsa e os erros bolsonaristas”, afirma.
Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional.
— Ciro Gomes (@cirogomes) November 4, 2021
O partido de Ciro, que tem 24 parlamentares, deu 18 votos a favor da proposta. São eles: Afonso Motta, Alex Santana, André Figueiredo, Dagoberto Nogueira, Eduardo Bismarck, Fábio Henrique, Felix Mendonça Júnior, Flávia Morais, Flávio Nogueira, Leônidas Cristino, Mário Heringer, Robério Monteiro, Silvia Cristina, Subtenente Gonzaga e Wolney Queiroz.
Os deputados pedetistas ajudaram Jair Bolsonaro e Arthur Lira a totalizar 312 votos para aprovar a medida. A PEC foi defendida por Arthur Lira, presidente da Câmara, e é a principal aposta do governo para viabilizar o Auxílio Brasil.
O partido fechou questão sobre a PEC antes da votação e a decisão foi vista como traição por outros partidos da oposição. Os partidos de oposição estão revoltados com a sigla de Ciro Gomes.