O ato público ocorreu na manhã desta sexta-feira (19). Vestidos de preto, manifestantes seguravam cruzes e cartazes escritos “vacina salva vidas” e com palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido e ex-PSL).
Os cartazes ainda fazem referência a uma polêmica envolvendo Bolsonaro e o influenciador Felipe Neto, intimado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro após chamar o presidente de “genocida” nas redes sociais.
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL), um dos manifestantes, disse era “também é um protesto contra ataque às pessoas presas de forma arbitrária, antidemocrática e autoritária nessa quinta-feira (18/3), no Distrito Federal. A Polícia Militar do DF levou cinco manifestantes que estavam aqui, na Praça dos Três Poderes, com uma faixa protestando contra o presidente”, afirmou o parlamentar.
“Foi uma atitude absurda, totalmente em confronto com a Constituição brasileira, tanto é que a Polícia Federal nem quis registrar a queixa pela Lei de Segurança Nacional e a Polícia Militar decretou a prisão pela Lei de Segurança Nacional. Então, isso é um contra-ataque, um protesto para mostrar que não vamos nos calar e a gente não vai ficar silente para o governo federal e a instituição policial tem feito ataque contra a liberdade de expressão”, complementou.
Jacy Afonso, presidente do PT-DF, também participou do ato público e disse que as ações que acontecem hoje (19/3), no Brasil, têm afinidades com o processo de golpe de Estado de 1964. “Só que isso ocorre de forma invertida: em 1964, era um presidente legítimo, eleito, João Goulart, e havia um movimento de militares contra o poder do Presidente da República; com famosas ações organizadas por eles, pelos setores empresariais neofascistas e setores fundamentalistas de igrejas cristãs, que produziram fake news e movimentos, como marchas contra o presidente eleito democraticamente, que culminaram com o golpe de Estado civil-militar referendado pelo Congresso Nacional”.
No entendimento do petista, o golpe está sendo um pouco diferente. “Deram o golpe parlamentar na ex-presidente Dilma Rousseff, impediram o ex-presidente Lula de ser candidato e que seria eleito em 2018. Então, o presidente, entre aspas legal, tenta criar ações no Brasil que leve a ele dar um golpe na democracia. Não um golpe no presidente, e sim na democracia”, diz.
E explica: “Ele cria um caos no País, é um genocida, para justificar esse conjunto de ações, como leis que desmontam o Estatuto do Desarmamento para liberar armas. Trata-se de um conjunto de ações. A prisão dos cinco militantes do PT, nessa quinta-feira (18), foi mais uma prova disso. Foram presos porque abriram uma faixa chamando Bolsonaro de genocida, assim como fez com o blogueiro Felipe Neto, também porque o chamou de genocida. Quem prendeu os garotos na Praça dos Três Poderes foi a PMDF sob a tutela do Palácio do Planalto”.
Depois de várias horas detidos na sua delegacia, a Polícia Federal considerou que eles não poderiam ser enquadrados na Lei de Segurança Nacional e os liberam. “Ocorre que quando eles já haviam saído, estavam do lado de fora do prédio da polícia, eles [a polícia] foram buscar um processo de Rodrigo Pilha, de desacato à autoridade, e que foi corrido à revelia, e que, portanto, é um desrespeito a toda a legislação a permanência da prisão do nosso companheiro Pilha”, afirma.
Afonso disse também, à reportagem do Brasil Popular, que o ato público na Praça dos Três Poderes, bem em frente ao Palácio do Planalto, às 7h da manhã, com representantes de todos os partidos de esquerda, representa uma reação da esquerda. “Mexeu com um companheiro, mexeu com todos. Não poderíamos deixar que essa atitude arbitrária não tivesse uma resposta”.
Ele informou que, além da solidariedade a Pilha, o ato foi realizado também pela imediata compra de vacinas pelo governo federal e distrital, em defesa da democracia, dos serviços públicos, do povo brasileiro das maldades praticadas por Bolsonaro e pelo governador Ibaneis Rocha.
“Os índices de mortes e contaminações cada vez maiores, todo dia, parece que as pessoas estão naturalizando a morte. Ontem houve 68 mortes por Covid-19 em Brasília, isso corresponde a 91% das mortes de 14 dias atrás.Ou seja, em apenas 14 dias aumentou mais de 90% o número de mortes. Se continuar nesse ritmo imagine como é que vai ser. Não há mais UTI. Estamos cobrando respostas claras do governo federal e local”, finaliza.