Artigo | Com relação ao aumento do teor de biodiesel no diesel, de 10% para 12%

Em termos de qualidade, o aumento do teor de biodiesel na mistura com o diesel, pode piorar a qualidade da queima e as emissões, assim como aumentar os depósitos no tanque e no bico de injeção, mas isso depende da qualidade do motor e da tecnologia de injeção, além da qualidade do próprio biodiesel. Por outro lado, o biodiesel melhora a lubricidade da mistura com o diesel.

O biodiesel é mais caro que o diesel, o aumento da sua participação na mistura eleva o preço ao consumidor.

A justificativa para o uso do biodiesel passa pela redução do consumo relativo de petróleo, diminuição da emissão de CO2 e o incentivo a produção local, em especial por pequenos produtores. Mas a produção de óleo de soja e do sebo animal no Brasil, as duas principais matérias primas para a produção do biodiesel, são controladas por grandes grupos empresariais. A participação da agricultura familiar nessas atividades é irrisória.

Enquanto se exporta do Brasil mais de 50% da produção do petróleo, as refinarias brasileiras ficam ociosas pela prática de preços altos, pouco competitivos e que prejudicam o consumidor e a economia, com a manutenção da política do Preços Paritários de Importação (PPI), combustíveis são importados dos EUA e se eleva a participação do biodiesel no diesel de 10% para 12%.

Com a elevação do teor de biodiesel, ganham as grandes corporações do agronegócio, frigoríficos e a agroindústria.

Com a manutenção do PPI ganham refinadores e produtores de etanol dos EUA que são exportados para o Brasil. Ganham os importadores de combustíveis e as corporações que operam a logística de transporte dos combustíveis. Além das companhias seguradoras e os operadores portuários.

Com a elevação do teor de biodiesel e a manutenção do PPI, perdem e pagam mais caro os brasileiros, perde a economia brasileira que reduz sua produtividade e competitividade, perdemos também com o aumento da inflação e a tendência recessiva que se acentua.

(*) Por Felipe Coutinho é engenheiro químico e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)

20 de março de 2023*