Por essa, o ocidente não esperava, tão cedo, nem os defensores euro-americanos da democracia ocidental que a tem como valor universal.
O povão da Europa do Leste, Tchecoslováquia, está indo às ruas para defender e apoiar Putin, na guerra, na Ucrânia, que, praticamente, está liquidada.
Ou seja, Putin vence OTAN-EUA-BIDEN, em aliança com a China, que amparou a Rússia, econômica e financeiramente, diante das sanções americanas, desmoralizadas por não terem surtido o efeito que o império de Tio Sam esperava.
É o novo poder mundial, China-Rússia, em evidência, na mobilidade dos BRICS, do qual o Brasil é participante ativo.
E se a moda de Praga pega?
Estaria ou não cimentada/restaurada ou em ritmo de restauração o status quo ante do poder soviético, implodido pela guerra fria, no colapso do Muro de Berlim, em 1989/90?
A Otan-EUA destroçou o poder soviético e instaurou, depois de 1990, o neoliberalismo, com a bandeira de que havia acabado a história, como descreveu Fukuyama, apressadamente.
O neoliberalismo deu com os burros nágua, no crash de 2008, e de lá prá cá o capitalismo neofinanceiro especulativo não assegurou estabilidade ao mundo nem o uniu em torno do império americano.
Pelo contrário.
O ocidente neoliberal está totalmente rachado depois que os Estados Unidos baixaram sanções econômicas contra Rússia e detonaram as fontes de energias russas que abasteciam a Europa a custo baixo de petróleo e gás.
As exportações americanas de energia caríssima para os Europeus elevaram a inflação europeia e a industrialização alemã, a mais poderosa do velho continente, está ameaçada pela união Rússia-China, promotora da expansão da rota da Seda, que seduz tanto o Oriente como o Ocidente e une ambos em torno dos BRICS, coordenados pelo poder econômico chinês.
Nesse cenário, o poder monetário americano está super-ameaçado pela desdolarização, graças ao avanço das relações comerciais globais por meio de moedas nacionais embaladas pela estratégia de expansão chinesa.
Os chineses atraem atenção dos cinco continentes e rompem com a hegemonia americana assentada em Bretton Woods, em 1944, abrindo-se a novo sistema monetário internacional, ancorado no chamado mundo multipolar.
Não vai, é claro, acontecer do dia para a noite, mas é de esperar que, de agora em diante, para os próximos 30 anos, que passam rapidinho.
No giro da história em movimento dialético contraditório, as correlações de forças se alterem, substancialmente.
NAZIFASCISMO EM CRISE
É essa percepção da mudança quantitativa e qualitativa da história que certamente move as massas na Tchecoslováquia, nesse momento, em movimento político pró-Rússia, que abala as convicções neoliberais e nazifascista do ocidente.
O tremor político, que se abre no rastro da expansão dos BRICS, da desmonetização do poder dolarizado, minado pelo comando da China, que o governo americano tenta desmoralizar, espalhando a falsa notícias de que a economia chinesa, aliada da Rússia, está em crise, pode ser volta do chicote no lombo de quem mandou dar, isto é, no lombo de Tio Sam.
A liderança americana pensava em detonar a Rússia, acabar com Putin, desagregar, totalmente, as ex-repúblicas soviéticas, depois da guerra fria, atraindo-as ao ocidente, aos Estados Unidos, mas o que se vê, com as massas, nas ruas de Praga, é o oposto.
Os manifestantes, ao levantarem a bandeira pró-Putin, jogam água fervente-dissolvente no movimento nazi-fascista que as guerras híbridas embaladas por Washington promoveram.
Os líderes fascistas ultradireitistas na Europa, bem como na América Latina, entre eles Bolsonaro, no Brasil, e Milei, na Argentina, podem estar com seus dias contados, a partir da derrota nazi-fascista, na Ucrânia, alimentada pelos Estados Unidos e Otan.
Como se sabe, as guerras hibridas têm como motivo mudanças de regime, como se verificou na chamada Primavera Árabe.
Tais guerras embaladas pelo dinheiro de Washington não queriam dizer outra coisa senão remoção da democracia.
Na Ucrânia, a emergência de Zelenski se alinha a esse movimento apoiado por Washington-OTAN, objetivando detonar Putin, que, preventivamente, reagiu.
O líder russo não esperou ser invadido pelas tropas otanistas ocidentais que jogaram, afinal, a Ucrânia, no despenhadeiro de um armamentismo desenfreado, bancado por dívida pública americana.
OCASO NO NEOLIBERALISMO NAZIFASCISTA
As massas pró-Putin, em Praga, são o prelúdio da derrota ocidental do neoliberalismo de guerra que banca o colosso imperialista americano.
Ele tem sido capaz de sustentar taxa de desemprego baixa nos Estados Unidos, mediante inflação, também, controlada, graças à emissão, sem limites, de dólar na circulação capitalista, mas com efeitos perversos sobre a aliada Europa, sem falar na periferia capitalista escravizada pelo FMI e Banco Mundial.
Os europeus, submissos, caninamente, a Washington, mergulham, agora, em inflação e desemprego, nostálgicos dos tempos, ainda recentes, em que tinham acesso às matérias primas baratas fornecidas pela Rússia, capazes de sustentar competitivamente a industrialização europeia.
A classe empresarial do velho continente se desarvora em colapso diante da concorrência chinesa, aliada de Putin, na tarefa de coordenar novo sistema monetário global, que não terá mais o dólar como moeda hegemônica.
O tiro saiu pela culatra com a tentativa, que se estende por mais de dez anos, de Washington e Europa de liquidarem com a Rússia, agora, consagrada nas ruas da Tchecoslováquia.
Parece que Putin, diante desse novíssimo movimento de massas pós-guerra da Ucrânia, vira o norte do novo poder europeu, em parceria com China de Xi Jinping.
Vê-se, claramente, nesse movimento popular em ascensão, o ocaso do nazifascismo embalado pelas forças ocidentais neoliberais indo para o buraco nas ondas do novo poder mundial que tem como representação o BRICS.
(*) Por César Fonseca, jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio, é conselheiro da TVCOMDF e edita o site Independência Sul Americana.
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