Com seu recolhimento e silêncio até que Bolsonaro, pessoalmente, pouco tem incomodado, mas é a partir do que já espalhou a seu redor de uma atmosfera envenenada de estupidez e ódio que o país continua a ser intimidado e agredido por seguidores dele, infelizes com sua derrota na eleição.
(É verdade que houve uma exceção, a nota dos comandantes militares desculpando protestos “populares” como os dos caminheiros, nota evidentemente produzida por iniciativa dele.)
Como Bolsonaro não ousou contestar os resultados que deram a vitória a Lula por dois milhões de votos, esses desinfelizes também não os contestam. No fundo, eles se escoram no gemido com que Bolsonaro apelou ao Vice eleito Geraldo Alkmin ao cumprimentá-lo no Palácio do Planalto, pegando carona numa reunião de transição com o Chefe do Gabinete Civil Ciro Nogueira:
— Por favor, salve o Brasil do comunismo!
Depois do ronco dos caminhoneiros, é em nome dessa impostura, de uma ameaça mais mítica e destrambelhada que a mula sem cabeça, que crianças são acossadas e intimidadas nas escolas; que numa cidade do Rio Grande do Sul uma lista negra pede a marcação com estrela vermelha das lojas, consultórios médicos, escritórios de advocacia, salões de cabeleireiro e outros estabelecimentos a serem sabotados porque pertencem a eleitores de Lula; e que, para ficar apenas com mais este exemplo insólito e inacreditável, um médico de São Paulo, professor da USP, espalha nas redes sociais a notícia de que Lula foi internado clandestinamente num hospital famoso, com a volta do câncer que curou há anos.
Essa maldade, no fundo ingênua, mas nada inocente, percorreu tantos e tão extensos e intrincados labirintos que logo a mentira chegou ao Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, General Augusto Heleno, responsável pela Abin, a sempre misteriosa sucessora do SNI da ditadura.
Ao volante de seu carro, passeando no fim de semana, o General se permitiu ser filmado numa conversa em que desmentia a fake news da internação de Lula. “Infelizmente não é verdade”, acrescentou com um meio sorriso mais tolo que perverso.
Com sua habitual artilharia de ódio assim terceirizada, Bolsonaro talvez aguardasse, para pegar carona nela, a esperada onda “vermelha” da eleição na terça-feira para o Congresso dos Estados Unidos,– onda vermelha que resultaria de uma vitória espetacular dos candidatos do Partido Republicano apoiados por Donald Trump.
Para escândalo talvez de brasileiros mistificados pelo bolsonarismo e por religiosos sem escrúpulos, nos Estados Unidos o vermelho não é cor de Satanás nem do “comunismo”, é a cor símbolo do Partido Republicano, cada vez mais reacionário e de extrema direita por influência de Trump, assim como o azul é a cor do Partido Democrata.
Por isso o equivalente americano do bolsonarismo aguardava com grandes esperanças que o resultado dessas eleições viesse a dar grande maioria vermelha a candidatos republicanos no Congresso, de modo a conferir a estes a maioria absoluta dos votos no Senado e na Câmara dos Representantes, com duas consequências imediatas e sensacionais – o governo Biden ficar amarrado de pés e mãos, impotente e impossibilitado de viabilizar qualquer iniciativa, e Trump anunciar de imediato e triunfalmente sua candidatura à eleição presidencial de 2026.
Mas os resultados, de apuração demoradíssima, não só não confirmaram a onda vermelha, como deixam o Partido Democrata em situação muito mais confortável do que se esperava. Neste fim de semana Trump terá de decidir se lança ou não sua candidatura agora e corre o risco de encaminhar-se para um fiasco monumental.
E no Brasil o bolsonarismo e a extrema-direita não terão as reverberações da onda vermelha americana para reerguer-se. Para Bolsonaro, a eleição nos Estados Unidos foi um terceiro turno em que ele perdeu de novo.
(*) Por José Augusto Ribeiro – jornalista e escritor. Publicou a trilogia A Era Vargas (2001); De Tiradentes a Tancredo, uma história das Constituições do Brasil (1987); Nossos Direitos na Nova Constituição (1988); e Curitiba, a Revolução Ecológica (1993). Em 1979, realizou, com Neila Tavares, o curta-metragem Agosto 24, sobre a morte do presidente Vargas.
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