Depois de saber que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia negado a importação da vacina Sputnik-V, o governado do Estado da Bahia, Rui Costa (PT), respirou aliviado quando soube, quase que ao mesmo tempo em que saiu a rejeição da agência, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, havia determinado que a Anvisa tem um prazo de 30 dias para se manifestar sobre possibilidade de a Bahia importar a vacina russa Sputnik V.
A negativa da Anvisa e a decisão do STF ocorreram nessa segunda-feira (26). Na decisão, o ministro Lewandowski diz que se nos próximos 30 dias não houver manifestação da Anvisa, contados a partir da formalização do pedido à agência reguladora, o governo da Bahia estará autorizado a importar e a distribuir o imunizante à população local, “sob sua exclusiva responsabilidade, e desde que observadas as cautelas e recomendações do fabricante e das autoridades médicas”.
A autorização do ministro se baseou na informação de que a Anvisa deve estar calcada em evidências científicas se haveria algum malefício da vacina e não no simples fato de cobrar mais e mais documentos. Já se precavendo para caso houvesse a autorização por parte da Anvisa ou mesmo do STF, o governado da Bahia, Rui Costa, já assinou um termo de compra de um lote de 9,7 milhões de doses da Sputnik V.
Para a surpresa de todos os envolvidos, a Anvisa tomou a decisão de negar importação da vacina. A alegação dos diretores é a de que não foram enviadas todas as informações para a análise do pedido. Ainda segundo o relatório aprovado por unanimidade, a Sputnik-V não teria a qualidade e eficácia exigida. Também informaram que a inspeção realizada em fábricas usadas para produzir a vacina, na Rússia, encontrou problemas graves na produção.
Já o secretário de Estado de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, disse que a decisão da Anvisa já era esperada. Segundo ele, não haveria nenhuma dúvida de que a agência brasileira viesse a dar este parecer contrário à importação do imunizante russo, já que seria coerente com tudo o que ela vem dizendo publicamente.
“A simples ida deles a Moscou não iria resolver a infinidade de questionamentos e documentos que eles solicitaram”, afirma Vilas-Boas. Ainda segundo o secretário, para resolver as pendências seriam necessários, no mínimo, 6 meses para que a empresa russa pudesse responder à quantidade de questionamentos a que foi submetida pela Anvisa.
Para o secretário, no caso da Sputnik-V, a Anvisa está mesmo é desconectada da realidade atual em que vivemos com o número altíssimo de infectados e mortos pelo Covid-19 no Brasil. A decisão impactará um número menor de imunizados através de vacinas e o aumento do número de mortos.