Evento é composto por exposições, shows, exibição de curtas e atividades virtuais, ocupando diversos espaços culturais
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Começa nesta quarta-feira (27) a 3ª Bienal Black Brazil Art, no Teatro Gonzaguinha, no Rio de Janeiro. O evento reúne obras de mais de 200 artistas negros brasileiros e estrangeiros e a programação se estende até junho deste ano. A Bienal Black é composta por exposições, shows, exibição de curtas e atividades virtuais, ocupando diversos espaços culturais da capital carioca e da cidade de Niterói, como galerias e museus.
Em entrevista ao Programa Bem Viver, a historiadora e museóloga Patrícia Brito, idealizadora do evento, explica que a Bienal Black surge de uma residência artística virtual, cujos trabalhos desenvolvidos norteiam o tema e os eixos expositivos da Bienal Black.
“Não é uma proposta unilateral, digamos assim. É uma proposta onde tem a interferência, intervenção de artistas que estão pensando junto, qual é a temática que nós vamos explorar. E esse ano nós vamos explorar a questão da migração, desses deslocamentos que as pessoas fazem ao redor do mundo. E, casualmente, esse é um tema que também se acopla e se acomoda nessa reunião do G20 que está acontecendo também no Rio de Janeiro”, explica.
“Falar de fluxos em fluxo, que é o tema da nossa bienal, tem a ver com essa movimentação que as pessoas fazem, não só por motivos de reunião, família ou motivos econômicos, mas principalmente por esse senso de pertencimento, de quando você sai do seu local de origem e é, digamos assim, convidado a recomeçar a sua vida, se reconectando com coisas que você ainda não é familiarizado. Nós convidamos os artistas a pensar dessa perspectiva, de como é sair de um lugar de origem e se deslocar para o outro”, complementa.
Segundo Patrícia, a ideia da Bienal surgiu em 2019, como um espaço para “refletir e para criticar esse nosso sistema”, que ela avalia como cheio de desigualdades. Nesse sentido, a Bienal Black não exclui ninguém.
“O que falta para equilibrar essa temática do gênero dentro dos espaços, seja de mulheres e homens ou também ali, no campo racial, homens e mulheres negros versus homens e mulheres brancas. A Bienal quis chamar o corpo artístico para essa discussão, mas não entrar de cabeça nesse embate. O que eu quero dizer com isso? Eu quero dizer que, embora o nosso nome seja Bienal Black Brazil Art, o nosso trabalho é colocar no mesmo espaço mulheres e homens, brancos e negros. E nós todos fazermos essa reflexão sobre as artes, sobre o sistema das artes, sobre por que que tem acesso para alguns e não tem acesso para outros”, explica a curadora.
Dentre os locais que vão receber exposições e outras ações da Bienal Black estão o Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, o Centro Cultural Correios, o Espaço Cultural Correios na cidade de Niterói, a Cidade das Artes, o Museu do Samba, o Museu da Maré e o Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro.
Confira a entrevista completa no tocador de áudio abaixo do título deste texto.