Nos anos 2000, a cada mil crianças que nasciam em nosso país, 29 morriam antes de completar o seu primeiro ano de vida. Sonhos eram interrompidos, vidas perdidas, famílias destruídas e o futuro ceifado. Em 2015, ao invés de 29 crianças mortas a cada mil nascidos, o Brasil passou a registar 13 óbitos de crianças antes de um ano de idade, uma redução de mais de 55%.
Apesar de ainda não ser a taxa que sonhávamos, milhares de crianças tiveram a oportunidade de viver em nosso país. Para alcançar este objetivo, diversas iniciativas e medidas foram empregadas, como a garantia de energia elétrica para as populações, o aumento da cobertura do programa Estratégia Saúde da Família, mas, principalmente, um programa de transferência de renda integrado ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS), o Bolsa Família.
Ele contribuiu de forma significativa na construção de uma rede de proteção social no Brasil. Através dos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), a rede educacional e as equipes do programa Estratégia Saúde da Família, provocaram mudanças agudas em nosso país. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz, mais de 830 mil crianças tiveram suas vidas preservadas entre 2006 e 2015 em consequência do Bolsa Família.
Todos os dias, milhões de crianças e jovens são beneficiados com as ações do programa através das condicionalidades de garantia da vacinação adequada, das consultas de pré-natal, de crescimento, desenvolvimento e do acompanhamento de saúde.
O Bolsa Família é elogiado e premiado internacionalmente por ser um renomado programa de distribuição de renda que foi construído diariamente por milhares de trabalhadores das políticas públicas.
Por isso, política pública não é gerada a partir de arroubos ou vontades individuais de tiranos, como a que estamos presenciando. Política pública é uma complexa construção de governos, trabalhadores e sociedade, e não apenas um emaranhado de vontades que possuem como base interesses escusos.
O fim do Bolsa Família decretado a toque de caixa por Bolsonaro e sua vontade de acabar com legados reconhecidos, na verdade é uma fantasia para desconstruir as políticas de seguridade social e deixar o povo mais vulnerável.
O Auxílio Brasil é um verdadeiro presente de grego. O governo constrói uma proposta que desestrutura as políticas públicas, muda o que funciona, pois não consegue conviver com a sombra do obscurantismo que ele mesmo criou, com foco em ofertar mais recursos para um grupo menor de pessoas e construir algo que tem prazo final de validade, acreditando na reeleição de Bolsonaro.
Nós, parlamentares da oposição, vamos lutar no Congresso Nacional pelo nosso povo e na manutenção do valor de R $600 de auxílio aos que mais precisam.
(*) Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula, Ministro da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.
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