Início do ano legislativo é marcado por campanha de extremistas por “Bolsonaro 2026”, apesar da inelegibilidade do ex-presidente e prisão iminente
Parlamentares bolsonaristas “sentiram o golpe” do boné. Após o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, aparecer nas eleições à presidência da Câmara e Senado no último sábado usando um boné com a frase “o Brasil é dos brasileiros”, deputados de extrema direita foram à sessão de abertura do ano legislativo na Câmara, nesta segunda-feira (3), vestindo bonés com as cores verde e amarelo com a frase “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026” estampada.
A ideia boné de Padilha, segundo o próprio ministro, veio a partir da sugestão de um morador da Zona Sul de São Paulo e teve por objetivo enaltecer o patriotismo, em detrimento dos bonés que vinham sendo utilizados por bolsonaristas em alusão ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No fim de semana, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já havia “vestido a carapuça” e acusado Padilha de promover um “boné anti-Trump”, sendo que a peça apenas exalta o orgulho patriótico brasileiro.
A reação dos parlamentares de extrema direita, com bonés pregando “comida barata novamente”, deixou claro que foi dado início à campanha eleitoral de 2026 e que a tônica dos bolsonaristas será o preço dos alimentos – ainda que Jair Bolsonaro esteja inelegível, na iminência de ser preso e que, sob seu governo, o Brasil retornou ao Mapa da Fome e a população fez fila para comprar ossos e carcaças de animais em açougues.
A cena foi bizarra. Vestindo os bonés da “comida barata”, os bolsonaristas tentaram tumultuar a mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional, entregue ao presidente da Câmara e Senado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e promoveram um verdadeiro circo ao exibirem dezenas peças de picanha e pacotes de café personalizados com hostilizações a Lula no plenário. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) foi um dos responsáveis pela ação infantil, que contou com o apoio de outros parlamentares de extrema direita, entre eles a deputada Silvia Waiãpi (PL-AP).
Deputados e deputadas da base governista, por sua vez, reagiram à tentativa de bolsonaristas de tumultuar a sessão com gritos de “sem anistia”.
Mensagem de Lula ao Congresso Nacional
A cena bizarra protagonizada por bolsonaristas se deu durante a entrega da mensagem do presidente Lula ao Congresso Nacional, feita pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.
O documento reúne em quase 600 páginas os principais avanços do governo, incluindo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3%, a geração de três milhões de empregos formais e a saída de 24,4 milhões de brasileiros do Mapa da Fome.
Na mensagem, Lula destacou a melhora dos indicadores econômicos e sociais.
“Quero mais uma vez parabenizar e agradecer ao Congresso pela inestimável cooperação no projeto de reconstrução do Brasil. A economia cresce mais, com investimentos, consumo, exportações e inovação. A indústria e o agronegócio estão mais fortes. A produtividade aumentou, e o desemprego caiu”, escreveu o presidente.
Lula também reforçou a importância da harmonia entre os Poderes. “Reafirmamos o compromisso com a democracia, o respeito às instituições e a relação harmoniosa entre os Poderes. Reafirmamos também o compromisso de promoção do desenvolvimento econômico com inclusão social”, acrescentou.
Mais cedo, no Palácio do Planalto, o presidente recebeu os novos presidentes da Câmara e do Senado, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). No encontro, os três reafirmaram o compromisso de atuar de forma independente, mas em colaboração na análise de projetos estratégicos para o país.
Lula também participou da cerimônia de abertura do ano judiciário no Supremo Tribunal Federal (STF), reforçando o alinhamento entre os três Poderes.