Que porra de discurso foi esse de Bolsonaro na ONU? Bem que ele disse que iria mostrar um “Brasil diferente”, só não explicou que era diferente do Brasil real.
Seu discurso foi uma fakenews do começo ao fim. Um Brasil próspero e feliz inteiramente construído na realidade paralela por sua indústria de mentiras.
A afronta de um Brasil de mentira jogada na cara dos líderes de todo mundo é tão grande que até parece que Bolsonaro resolveu “chutar o pau da barraca” para se vingar da derrota humilhante de seu golpe de estado no dia 7 de setembro.
A mentira foi dita sem limites. O auxílio emergencial de 125 reais foi mostrado como se fosse de 800 dólares, ou seja, 4.224 reais! Uma suposta redução do custo Brasil barateou os alimentos, cuja elevada carestia real fez a carne sumir da mesa de 67% dos lares brasileiros.
A fuga de capitais do Brasil real é mostrada pelo seu contrário, como um país onde “tem tudo o que o investidor precisa”. A duríssima realidade de um desemprego de 15 milhões de pessoas é apagado facilmente por uma frase que fala da criação de emprego e no lugar da estagnação econômica, um crescimento previsto de 5%.
Do mesmo modo outra frase limpa a imagem de Bolsonaro de destruidor da Amazônia, e simplesmente diz que a política ambiental de seu governo é um exemplo para o mundo. Diz ainda que as reservas dos povos indígenas são respeitadas e estes vivem num verdadeiro paraíso tropical.
O combate a covid foi o único ponto do discurso em que Bolsonaro falou a verdade. Disse que é contra a vacina obrigatória e que defende o tratamento precoce, ou seja, o uso ineficaz de remédios contra vermes e malária para combater o vírus da covid.
Tem outras tantas mentiras muito fáceis de serem desmontadas, mas o que fica do vexame de Bolsonaro em Nova York é o seu total desprezo pela ONU e a vergonha que fez o Brasil passar perante o mundo.
Esse vexame de Bolsonaro será mostrado por seus propagandistas como “coragem” e o seu mentiroso discurso será usado como berrante para reunir novamente seu gado fanático em novas aventuras golpistas.
(*) Por Val Carvalho – escritor e militante de esquerda