A gira do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, por quatro países da América do Sul, e, muito especialmente sua presença na fronteira de Roraima com a Venezuela, acompanhado do ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores do Brasil, revela um sinistro passo à frente na escala norte-americana para o Brasil, como bucha de canhão, em possíveis ações militares contra a Pátria de Bolívar, visando, claramente a tomada do abundante petróleo estatal do nosso vizinho, guardado com patriotismo e soberania.
As acusações de Pompeo ao Presidente Constitucional da Venezuela, Nicolas Maduro, rigorosamente sem cabimento, sem provas e baseadas em mentiras construídas com o intuito de justificar agressões militares, como foram as inexistentes “armas de destruição em massa no Iraque”, o “bombardeio de civis pelo governo da Líbia” e a “violação de direitos humanos na Síria”, agora dão lugar ao insultante mantra de que o governo bolivariano é ligado ao narcotráfico. Tudo com base num suposto relatório de uma comissão de peritos da ONU que ninguém conhece e ninguém viu atuar. A questão é outra: é o petróleo. Os EUA têm grandes limitações no abastecimento de petróleo, sendo o maior consumidor mundial deste produto fóssil. E, na lógica imperial, se não possui, toma de quem tem, como o fizeram ao roubar metade do território do México, ao ocupar o Iraque , a Líbia, o Afeganistão, e parcialmente a Síria.
Porém, no caso de envolver o Brasil em uma aventura militar, há um perigoso agravante, que este governo, agente e defensor de interesses dos EUA, esconde sob um manto falso de um linguajar patriótico mal desenhado. Se o Brasil participar desta aventura militar injustificável contra a Venezuela, ele próprio passará a ser a bola da vez, pois sob uma aliança militar com os EUA, abre-se a possibilidade legal para que o território brasileiro seja ocupado por tropas do Exército norte-americano e para a construção de estruturas militares, quartéis e aeroportos, que, depois de instalados, tornam-se permanentes, facilitando a sempre sonhada internacionalização da Amazônia Brasileira pelo império.
Assim sendo, toda e qualquer resistência à loucura bélica de Bolsonaro, quer seja do vice-presidente Mourão, quando descarta ações militares contra a Venezuela, refletindo um clima de realismo na caserna, ou do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, criticando o Itamaraty por violar a Constituição, abrindo passagem para um processo de impeachment contra o Chanceler ou diretamente contra Bolsonaro, devem ser respaldadas pelas forças progressistas, já que uma guerra na América do Sul torna possível uma ação militar direta dos EUA neste continente, o que sempre foi um motivo de preocupação, sobretudo dos militares brasileiros no passado. Estes sabem que nenhum país da região é ameaça à verdadeira soberania da Amazônia e que somente uma potência imperial – militar e tecnologicamente superior – tem realmente pretensão e capacidade de abrir a picada, com o Pretexto Venezuela, para a internacionalização definitiva da eternamente cobiçada região, rica em nióbio, petróleo biodiversidade infinita.
É urgente e importante que as forças progressistas, os partidos, os sindicatos, o movimento estudantil, promovam debates visando ampliar a informação real sobre a Revolução Bolivariana, suas conquistas, as agressões que vêm sofrendo. Informar sobretudo sobre as iniciativas populares, a organização do povo em armas para defender a soberania sobre seu território, seu petróleo, suas riquezas, sua cultura e seu processo político, sua democracia participativa, que em 20 anos realizou mais de 25 eleições, referendos, plebiscitos e consultas, cujos resultados democráticos sempre foram respeitados, com observadores internacionais comprovando a plena soberania do voto de um povo que não agride nenhum outro povo e que apenas clama ao mundo pelo sagrado direito de exercer sua autodeterminação.