Bolsonaro é apontado como o principal agressor: 147 casos. Fenaj alerta para um processo de “descredibilização” do trabalho da imprensa
O Brasil nunca registrou tantos casos de violência contra jornalistas. No último ano, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) registrou 430 ataques à categoria — o maior número desde o início da série histórica, em 1990. Em 2020, ocorreram 428 casos de agressão.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) é apontado como o principal agressor, sendo apontado como o líder de um processo de “descredibilização” do trabalho da imprensa. Sozinho, ele cometeu 147 investidas contra jornalistas.
Dados divulgados nesta quinta-feira (27/1) mostram que casos de censura também aconteceram em 2021. Ao todo, foram 140 situações de cerceamento.
Segundo a Fenaj, dirigentes da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), estatal de comunicação do governo federal, cometeram 138 casos de censura.
“A continuidade das violações à liberdade de imprensa no Brasil está claramente associada à ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República”, alertou a presidente da Fenaj, Maria José.
Veja destaques do relatório da violência contra jornalistas produzido pela Fenaj:
- Censura (140 casos), descredibilização (131), agressões verbais (58), ameaças (33) e agressões físicas (26) são as principais investidas.
- As regiões Centro-Oeste (56,9%) e Sudeste (23,2%) centralizam os casos.
- Sozinho, o Distrito Federal registrou 53,4% das agressões: 159 casos em 2021.
- Das agressões registradas, 26,6% ocorreram contra profissionais do sexo feminino. Foram 61 vítimas.
- Por tipo de veículo, a TV (25,4%), sites e portais (11,9%) e jornais impressos (8,9%) foram os principais alvos.
- Políticos e assessores foram responsáveis por 40 ataques diretos a jornalistas; manifestantes bolsonaristas, por 20.
O relatório da entidade pontua como graves episódios como em que Bolsonaro agrediu verbalmente jornalistas usando termos como “canalha”, “quadrúpede”, “picaretas” e “idiota”, e mandando uma profissional calar a boca.
Sozinho, o presidente foi responsável por 147 casos (34,19% do total), sendo 129 episódios de descredibilização da imprensa (98,47% da categoria) e 18 de agressões verbais a jornalistas.
Maria José defendeu o trabalho da imprensa. “O jornalismo é um dos pilares das sociedades democráticas e não há jornalismo sem jornalistas. Portanto, é responsabilidade de todos combater ações de quem quer que seja, inclusive do presidente da República, para a disseminação de uma cultura da violência contra jornalistas”, frisou, no relatório.
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