Em vídeo, Rafaela Triestman diz que o governo brasileiro não auxiliou os sobreviventes e os parentes dos mortos pelo Hamas
A brasileira Rafaela Triestman, 20 anos, é judia e estava na rave atacada pelo Hamas em 7 de outubro de 2023. Ela errou ao dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não auxiliou famílias brasileiras afetadas pelo conflito. Ele mandou seis aeronaves resgatar brasileiros que estavam na região e mais o avião da Presidência da República. Além da operação de resgate da FAB (Força Aérea Brasileira) para repatriar brasileiros da Faixa de Gaza, o presidente, ainda em outubro, conversou com familiares dos desaparecidos.
“O Brasil foi o primeiro país a iniciar o processo de repatriação e esta já é a operação mais ágil dos últimos anos. Sob comando do presidente Lula, @govbr e @fab_oficial“, informou, à época, a Presidência da República.
O Brasil foi o primeiro país a iniciar o processo de repatriação e esta já é a operação mais ágil dos últimos anos. Sob comando do presidente Lula, @govbr e @fab_oficial, 494 brasileiros já foram repatriados desde o início do conflito entre Israel e Hamas.https://t.co/BbABvtL4VZ
— Presidência da República do Brasil (@presidencia_BR) October 12, 2023
Nesta 4ª feira (21.fev.2024), o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, compartilhou um vídeo com Rafaela, de 20 anos, em que a brasileira diz que o governo Lula “desrespeita a memória de 6 milhões de judeus que morreram no holocausto”. Ela era namorada de Ranani Glazer, morto pelo grupo extremista
No vídeo, de pouco mais de 8 minutos, Triestman diz que “o governo [brasileiro] não foi mobilizado e a gente se sentiu esquecido”. Ela também afirma que o presidente não entrou em contato com ela, nem com familiares das outras vítimas, incluindo Rafael Zimerman, Jade Kolker e as famílias de “Karen” (possivelmente referindo-se a Karla Stelzer Mendes) e Bruna Valeanu, mortos pelo Hamas.
Assista ao relato de Rafaela Triestman (8min35s):
Mas, ainda em outubro, Lula conversou por videoconferência com brasileiros e israelenses que integram o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos no conflito entre Israel e o Hamas. A ligação se deu a pedido do grupo, que enviou uma carta a Lula em nome de 200 famílias. Eis a íntegra do documento (PDF – em inglês – 163 kB).
O Fórum foi criado logo depois dos ataques do grupo extremista Hamas a Israel, em 7 de outubro. Lula, então, condenou os ataques contra civis e disse ser importante que as pessoas diretamente atingidas pela guerra sejam ouvidas.
“Expressando sua solidariedade, o presidente manifestou que, como pai e avô, compartilha a dor das famílias afetadas e afirmou que o Brasil também está em luto pelo ocorrido. Recordou, ainda, as duas viagens que fez para Israel, em 1993 e 2010, e a excelente relação que manteve com o ex-presidente Shimon Peres”, disse a nota divulgada pela Presidência.
Segundo o Planalto, desde o início do conflito no Oriente Médio, o governo concluiu 12 voos de repatriação e resgatou 1.556 brasileiros nas zonas de conflito, incluindo embarques saindo de Tel Aviv com brasileiros e parentes que estavam em Israel.
Lula também teve uma série de conversas com líderes árabes para ajudar a intermediar uma solução na região. Em 25 de outubro, o petista conversou com o emir do Qatar, Tamim bin Hamad al-Thani, sobre as negociações por um corredor humanitário. Afirmou ser “urgente” um cessar-fogo na região do conflito.
Entenda na linha do tempo abaixo:
- 18.fev.2024 – Lula compara os ataques de Israel às ações de Hitler contra judeus;
- 18.fev.2024 – Benjamin Netanyahu critica Lula e classificou sua fala como “vergonhosa”;
- 19.fev.2024 – ministro de Relações Exteriores de Israel declara Lula “persona non grata” e constrange publicamente embaixador do Brasil no país, Fred Meyer, ao levá-lo para o Museu do Holocausto de Jerusalém;
- 19.fev.2024 – Brasil chama embaixador Fred Meyer de volta ao país;
- 19.fev.2024 – ministro de Relações Exteriores do Brasil diz em reunião com embaixador de Israel que Meyer foi humilhado;
- 19.fev.2024 – no Planalto, avaliação é a de que Lula não pedirá desculpas;
- 20.fev.2024 – ministro de Relações Exteriores de Israel volta a pedir retratação de Lula e diz que fala do presidente é um “cuspe no rosto dos judeus brasileiros”.