O deputado Reginaldo Lopes(MG), líder do PT, na Câmara, deu a dica, hoje, em entrevista ao Estúdio i, na Globo, que o Governo Lula prepara o ajuste fiscal que anunciará, logo depois da posse; dará, portanto, resposta impactante às perguntas ansiosas da mídia corporativa conservadora que cobra medidas não apenas para expandir gastos sociais, mas, sobretudo, para cortá-los, na tarefa de formatar o ajuste fiscal que ela gostaria fosse implementado.
Lopes criou perplexidade na Globo ao dizer que Lula vai propor cortes e suspensões dos subsídios e isenções fiscais, estimados em cerca de R$ 500 bilhões, que, naturalmente(isso ele não disse), ferirão os interesses do andar de cima da economia, ou seja, dos capitalistas, maiores beneficiados, pois eles – isenções e subsídios – representam aumento da taxa de lucro do capital investido, que não consegue se remunerar, inteiramente, diante das reformas liberais trabalhistas e previdenciárias que eles mesmo defenderam sob a gestão bolsonarista de Guedes.
Teria sido essa a razão que levou Lula a suspender coletiva que daria hoje no Egito?; dólar e juros continuariam escalando especulativamente, depois do que teria a dizer?
INSUFICIÊNCIA CRÔNICA DE DEMANDA
O fato evidente que os marxistas e social democratas destacam desde sempre é que o capitalismo, como disse Marx, padece de crônica insuficiência de demanda global, decorrente dos arrochos salariais sobreacumulados no modo de produção capitalista, responsáveis por derrubar taxa de lucro e investimentos, diante da desigualdade social que se amplia continuamente no processo de sobreacumulação de capital; para compensar a queda da lucratividade do capital sobreacumulado, advindo da insuficiência crônica consumo, os empresários, para não entrarem em crash com ampliação de estoques inconsumíveis por falta de poder de compra dos salários dos trabalhadores, buscam socorro nos cofres do tesouro nacional para não fecharem suas fábricas.
As isenções fiscais, perdão de dívidas, favorecidas pela inflação, subsídios etc garantem artificialmente o lucro, mas, em contrapartida, ampliam déficits públicos que elevam juros e dívida pública, contra os quais a classe produtiva clama por corte de despesas, privatizações, cortes de salários, destruição das conquistas sociais e econômicas dos trabalhadores, consagradas na Constituição, em nome de ajuste fiscal; portanto, não são os gastos sociais, que representam, na verdade, renda disponível para consumo, mas, sim, a insuficiência de demanda que ameaça o lucro dos empresários, derrubando lucros e produtividade.
PONTO DE VISTA DO TRABALHADOR
Lula nadou contra essa corrente enquanto presidente por dois mandatos ao valorizar o salário mínimo reajustado pela inflação mais correção pelo crescimento do PIB, ampliando, concomitantemente, programas sociais distributivos de renda, cujo resultado, em plena crise global, foi fortalecimento do mercado interno, superavit primário e inflação sob controle; não fosse esta estratégia lulista, a classe empresarial teria entrado em bancarrota, no compasso da desindustrialização acelerada pelo bolsonarismo neoliberal comandado por Paulo Guedes.
O lulismo distribuidor de renda – ponto de vista do trabalhador em relação ao capital sobreacumulado – garantiu quatro vitórias eleitorais do PT; somente foi derrotado pelo golpe neoliberal que derrubou a presidenta Dilma Rousseff via impeachment sem crise de responsabilidade para caracterizá-lo; seguiu ao golpe de 2016, a derrota de 2018, porque os militares forçaram prisão de Lula para não disputar com Bolsonaro, enquanto a mídia conservadora promovia orquestração golpista para calar fundo na consciência da pequena burguesia conservadora o antilulismo, embalado por narrativas construídas à base de fakenews etc.
RETOMADA DO FIO DA HISTÓRIA
Como Lula voltou à disputa em 2022 e venceu espetacularmente para conquistar, democraticamente, o terceiro mandato, a burguesia, politicamente, derrotada quer, agora, continuidade do ajuste neoliberal bolsonarista que inviabiliza a economia à custa da destruição dos salários e do Estado nacional; trata-se de arma certeira que levará, também, de roldão ao caos os empresários.
O papo furado de Guedes de que medidas neoliberais fariam o ajuste fiscal, para permitir retomada econômica por meio do setor privado, representou tiro no pé; o déficit, construído por narrativa mentirosa, não foi contido, mas ampliado, a fim de manter o impossível: lucratividade destruída do capital produtivo que se descolou da produção para sobreviver da especulação jurista, enquanto o país afunda; a reprodução dele, porém, entrou em colapso; não pode mais ser mantida por isenções, subsídios e perdão de dívidas, que inviabilizam pretenso ajuste fiscal que incoerentemente reclamam.
VÃO DAR TIRO NO PÉ?
Como o ajuste neoliberal não tem mais condições de ser realizado achatando, ainda mais, os salários, que inviabilizou, de novo, vitória eleitoral da direita burguesa, em 2022, resta ser feito o ajuste reclamado pelos banqueiros e grande empresários, enfiando a mão no bolso deles, mesmos; trata-se, então, de suspender as benesses fiscais erguidas para proteger sua lucratividade; nesse sentido, é de se perguntar: eles aceitarão que o ajuste fiscal seja feito com enxugamento das isenções fiscais que alcançam, segundo o deputado Lopes, mais de meio trilhão de reais?
É com esse dinheiro que Lula conta para valorizar poder de compra dos trabalhadores, fortalecer mercado interno e dar ontapé na reindustrialização do Brasil, sucateado pelo neoliberalismo bolsonarista.
Certamente, os capitalistas concluirão que, para se salvarem, será melhor manter(ou reduzir, relativamente) os subsídios que sustenta sua lucratividade, entrando em conciliação com os trabalhadores, aceitando a estratégia de Lula de valorizar poder de compra dos salários, sem o qual perderão não, apenas, os anéis, mas, também, os dedos.
(*) Por César Fonseca, jornalista, atua no programa Tecendo o Amanhã, da TV Comunitária do Rio e edita o site Independência Sul Americana
SEJA UM AMIGO DO JORNAL BRASIL POPULAR
O Jornal Brasil Popular apresenta fatos e acontecimentos da conjuntura brasileira a partir de uma visão baseada nos princípios éticos humanitários, defende as conquistas populares, a democracia, a justiça social, a soberania, o Estado nacional desenvolvido, proprietário de suas riquezas e distribuição de renda a sua população. Busca divulgar a notícia verdadeira, que fortalece a consciência nacional em torno de um projeto de nação independente e soberana. Você pode nos ajudar aqui:
• Banco do Brasil
Agência: 2901-7
Conta corrente: 41129-9
• BRB
Agência: 105
Conta corrente: 105-031566-6 e pelo
• PIX: 23.147.573.0001-48
Associação do Jornal Brasil Popular – CNPJ 23147573.0001-48
E pode seguir, curtir e compartilhar nossas redes aqui:
https://www.instagram.com/jornalbrasilpopular/
️ https://youtube.com/channel/UCc1mRmPhp-4zKKHEZlgrzMg
https://www.facebook.com/jbrasilpopular/
https://www.brasilpopular.com/
BRASIL POPULAR, um jornal que abraça grandes causas! Do tamanho do Brasil e do nosso povo!
Ajude a propagar as notícias certas => JORNAL BRASIL POPULAR
Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.