“Caminhada da Morte” pede veto ao PL que autoriza a retirada das portas de segurança dos bancos

Manifestação ocorreu no Centro de Porto Alegre nesta quinta-feira (16)

Nesta quinta-feira (16) bancários e bancárias de Porto Alegre realizaram um ato no Centro da Capital para exigir que o prefeito Sebastião Melo vete o Projeto de Lei 244/22, que libera a retirada das portas giratórias das agências bancárias. Intitulado “Caminhada da Morte”, o ato foi organizado pelo SindBancários e pela Fetrafi-RS e contou com o apoio da CUT-RS, SindVigilantes e parlamentares.

A caminhada simulou um cortejo, conduzido pela figura da Morte (a atriz Vera Parenza), em referência às possíveis consequências do relaxamento nas medidas de segurança. Os manifestantes caminharam do Largo Glênio Peres até o Centro Administrativo Municipal, na Rua General João Manoel, onde o fica o Gabinete do chefe do executivo, com faixas e camisetas pedindo o veto ao PL 244/22.

Mobilização

Desde que o projeto, de autoria do vereador Ramiro Rosário (PSDB), foi aprovado na Câmara de Vereadores ao apagar das luzes de 2022 e sem passar por nenhuma comissão de mérito, o SindBancários vem buscando apoio para o veto. Representantes do movimento sindical tiveram audiência com o prefeito, conseguiram reverter o voto de vereadores que haviam sido favoráveis à matéria e mobilizaram a sociedade com uma campanha de mídia.

O prazo para o pronunciamento do prefeito sobre a matéria é segunda-feira (20). Ele pode vetar, sancionar ou silenciar. Neste último caso, a lei é promulgada na Câmara.

“A maioria dos vereadores reconheceu que o projeto é prejudicial não só aos bancários, mas à toda a população e já disseram que apoiarão o veto”, reforçou o vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, durante o ato desta quinta-feira. “Quando conversamos com o prefeito, ele se mostrou aberto ao diálogo. Acreditamos que irá vetar o PL 244”, afirmou o secretário de Saúde da Confederação dos Trabalhadores, Mauro Salles.

Segurança para a população

Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado indicam que o número de assaltos a bancos reduziu em 91% em dez anos. Isso se deve às medidas de restrição à entrada de armas de fogo, principal objetivo das portas com detectores de metais. “As portas não estão lá para proteger o lucro dos bancos, o numerário, mas sim a vida dos bancários e clientes”, afirmou o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner.

Um dos argumentos usados pelo autor do PL é que as portas não são necessárias onde não há “numerário”, mas o vereador desconsidera que os bancários têm acesso às contas dos clientes e aos caixas eletrônicos e podem, sim, fazer transferências de valores quando ameaçados pelos criminosos. Além disso, a violência pode atingir outros estabelecimentos. “O projeto coloca em risco não só as agências bancárias, mas todo o comércio ao redor delas”, completou a diretora do Sindicato e da Fetrafi-RS, Priscila Aguirres, lembrando que os bandidos não costumam agir sozinhos em grandes assaltos.

“Os bancos querem economizar com as portas, mas não se importam com a segurança da população. Por isso estamos pedindo o ‘Veta, Melo’, pela vida de todos os usuários do sistema bancário”, finalizou o secretário-executivo do SindBancários, Luiz Cassemiro.

Ao longo da semana, a banca “Veta, Melo”, montada pelo Sindbancários no Centro de Porto Alegre, recebeu inúmeros cidadãos porto-alegrenses, que enviaram mensagens ao whatsapp da Prefeitura para apoiar a iniciativa. Algumas manifestações populares podem ser vistas nas redes sociais do Sindicato.