Pressão aumenta para que próximo presidente do BC mantenha a política monetária de Campos Neto, ao agrado do ‘mercado’
A decisão da última reunião do Copom, quarta-feira (8), e especialmente a repercussão no mercado financeiro, que experimentou uma forte alta na curva dos juros, dão uma prévia do que será a sucessão no Banco Central. Roberto Campos Neto encerrará no final do ano seu longo mandato iniciado em fevereiro de 2019, mas os defensores do BC independente do Brasil desejam que sua influência perdure.
A divisão a respeito do corte nos juros entre diretores “bolsonaristas” e “lulistas” (indicados por um ou pelo outro presidente) não sinaliza apenas diferente visão do mercado financeiro. Ela aumenta a pressão sobre Lula na nomeação do próximo presidente do BC, reduzindo qualquer margem de mudança na política monetária.
A pressão vem desde sempre, mas ganhou holofotes quando Campos Neto, no início de abril de 2024, falou sobre a necessidade de conhecer seu sucessor logo para fazer a transição.
Na visão de quem quer o BC independente do Brasil, o “mercado” só ficaria tranquilo se o próximo presidente do Banco mantiver seu alinhamento com o atual, que produziu bilhões para os rentistas e reduziu o crescimento, possível e necessário, da economia.
Trata-se de uma profecia autorrealizável: o “mercado” fica nervoso com a possibilidade de vir um nome que não o agrade, os juros futuros sobem, o dólar também, a mídia repercute o impacto na inflação; tudo somado, deixa-se o BC numa saia justa. E mantém-se, a contragosto do eleitor, a política monetária que de independente não tem nada.
De onde menos se espera…
Alguém acredita que Lula, que teve Henrique Meirelles à frente do BC nos seus 2 primeiros mandatos, vai nomear algum nome do desagrado do “mercado” para comandar o BC?