Sem cumprir marcos legais, a corporação estadunidense opera dois portos de exportação de soja no Pará e agora pretende construir um terceiro. Ele nem saiu do papel, e o Ministério Público Federal suspeita de aquisição irregular de área nas ilhas de Abaetetuba
A primeira vez que Clodoaldo Santos viu soja foi na barriga de um peixe. Tucunaré, como o homem de 53 anos é conhecido, pescava na baía do Marapatá quando se deparou com um grão já mole dentro do bucho do mandi, um bagre comum na região. “Esse peixe está melhor do que a gente, comendo até feijão!”, brincou. Foi seu cunhado quem explicou que aquilo era soja, derrubada no rio por uma das balsas que levam os grãos para fora do Brasil. O pescador nasceu em uma das 72 ilhas de Abaetetuba, no Pará, na Amazônia brasileira. Aprendeu com seu pai, ainda criança, o ofício e o tempo das marés, a reconhecer sementes de açaí, babaçu, cacau e seringueira. Mas a desconhecida leguminosa da costa leste da Ásia avançava sorrateiramente em direção ao seu quintal. E ele em breve precisaria lutar pelo território onde nasceu e cresceu.
A multinacional estadunidense Cargill construiu dois portos no estado, nas cidades de Santarém, em 2003, e de Miritituba, em 2017. Tudo foi feito sem consultar as comunidades tradicionais impactadas e, no caso de Santarém, violando ao menos nove leis, convenções e tratados internacionais, de acordo com relatório da organização Terra de Direitos. A paisagem na região norte do Pará vem mudando. A floresta agoniza em meio às plantações. Mesmo depois de ter cometido uma série de irregularidades nessas duas obras anteriores, o gigante transnacional planeja construir uma terceira instalação portuária bem em frente à casa de Tucunaré. Para isso, mais uma vez, atua sem ouvir as comunidades afetadas. Comprou um terreno sobreposto a um assentamento da reforma agrária, em uma operação considerada suspeita pelo Ministério Público Federal (MPF). Em junho, o órgão entrou com um pedido na Justiça solicitando a suspensão do projeto. Pediu também a seu Núcleo de Combate à Corrupção uma investigação mais detalhada, já que recaem suspeitas sobre a atuação de servidores públicos.
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(*) Por Isabel Harari (texto), Alessandro Falco (fotos), Abaetetuba/Pará – 2 outubro 2023.
Série de reportagens “Insustentáveis” do site Sumaúma – Jornalismo do Centro do Mundo
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