Com 2.914 mortes nas últimas 24h, Brasil assiste ao aumentar de óbitos de jovens entre 20 e 29 anos e a extinção de uma seleção “natural” que vinha ocorrendo na pandemia do novo coronvírus: as mortes por faixa etária. Os cientistas defendem alerta amplo.
Um levantamento da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) mostrou que, em março, 52% das internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) foram de pessoas com até 40 anos.
Pesquisas têm mostrado que mortes de jovens cresceram quase quatro vezes em São Paulo, entre fevereiro e março, e que, no Rio, a internação de jovens quase triplicou em três meses. Médicos têm relatado que choque com UTI lotadas de jovens com Covid-19.
O fato é que, de ontem (quinta-feira, 22/4) para hoje (sexta-feira, 23), o Brasil registrou 2.914 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com números atualizados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (23). Os números atualizados do conselho indicam ter havido 2.914 óbitos e 69.105 novos casos confirmados de contaminação nas últimas 24 horas.
Com os números de mortes das últimas 24h, o Brasil totaliza, segundo o Conass, 386.416 mortes por Covid-19 em, bem como 14.237.078 casos confirmados de contaminação em 1 ano e 1 mês. O Ministério da Saúde indica que houve 12.711.103 casos recuperados.
O consórcio de veículos de imprensa, por sua vez, afirma que o País registrou, nas últimas 24 horas, 2.866 mortes pela Covid-19 e totalizou, nesta sexta-feira (23) 386.623 óbitos desde o início da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 2.514. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de -17%, indicando tendência de queda nos óbitos decorrentes da doença.
“Foi a maior queda desde 11 de novembro, quando a média móvel de mortes apresentou queda de -27%. É a primeira vez desde 12 de novembro que esse indicador apresenta tendência de queda”, dia o G 1.
Observatório da Fiocruz Covid-19
Boletim do Observatório da Fiocruz Covid-19 assinado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e divulgado nesta sexta-feira (23), aponta para a manutenção dos casos e mortes em patamares elevados é uma tendência para as próximas semanas.
Eles afirmam que a faixa etária de 20 a 29 anos tem maior aumento no total de mortes por Covid-19 desde o começo de abril. “A análise aponta que a faixa etária dos mais jovens, de 20 a 29 anos, foi a que registrou maior aumento no número de mortes por Covid: 1.081%”, aponta a Fiocruz. Nas idades de 40 a 49 anos houve o maior crescimento do número de casos, com alta de 1.173%.
Taxa de letalidade continua a subir
O boletim voltou a alertar que houve novo aumento na taxa de letalidade. Segundo os pesquisadores, o índice se mantinha em 2% até o início do ano, subiu para 3% em março e, nas duas últimas semanas epidemiológicas, alcançou 4,5%.
“As maiores taxas de letalidade foram observadas no Rio de Janeiro (8,3%), Paraná (6,2%), Distrito Federal (5,3%), Goiás (5,2%) e São Paulo (5,1%). Os valores elevados revelam graves falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde nesses estados, como a insuficiência de testes diagnóstico, identificação de grupos vulneráveis e encaminhamento de doentes graves”, indica a Fiocruz.
Tendências para as próximas semanas
Manutenção de patamar elevado: A Fiocruz diz que, nas duas últimas semanas, houve a estabilização do número de casos e óbitos por Covid-19. Os pesquisadores dizem que está caracterizada a formação de um novo patamar de transmissão.
“Se em 2020 o patamar ficou conhecido pelo óbito diário de 1 mil pessoas, nas próximas semanas este valor pode permanecer em torno de 3 mil óbitos. A alta proporção de testes com resultados positivos revela que o vírus permanece em circulação intensa em todo o país.” – Boletim da Fiocruz
Rejuvenescimento da pandemia: a tendência de rejuvenescimento da pandemia se mantém no Brasil, com a idade média de casos internados na semana epidemiológica 14 sendo de 57,68 anos, em comparação com a idade média de casos internados na semana epidemiológica 1, que era de 62,35 anos.
“Para óbito, os valores foram 71,56 anos (SE 1) e 64,62 anos (SE 14).”, diz o boletim.
Abertura pode acelerar transmissão: o boletim lembra que as medidas de restrição de atividades, decretadas por vários municípios e estados no final do mês de março começam a ser flexibilizadas a despeito dos indicadores não apresentarem ainda a redução esperada.
“(A atual flexibilização) pode promover a transmissão mais intensa da doença, ao mesmo tempo em que podem ser entendidas erroneamente como o controle da pandemia”, informa o documento.
Com informações do G1, Olhar Digital, IG, Fiocruz