Com papel fundamental na redemocratização do Brasil e com atuações decisivas em impeachments de presidentes, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional do Distrito Federal (DF), que possui cerca de 50 mil advogados, promoverá no próximo dia 21 eleição para o comando da entidade no triênio 2022/24. Pela primeira vez, em função da pandemia de Covid-19, o pleito será por meio eletrônico.
Entre polêmicas de uso indevido de pessoas não negras para cotas, candidaturas majoritariamente femininas e abuso do poder econômico com happy hour em lugares badalados, cinco chapas disputam a eleição, sendo duas orbitando no campo conservador e três mais progressistas. Duas mulheres disputam a eleição na OAB-DF, entidade que ao longo dos anos tem sido comandada por homens.
O advogado Marcos Rogério de Souza, sócio do escritório Marcos Rogério & Moreth Advocacia e que advoga há 18 anos, conversou com o jornal Brasil Popular e analisou o perfil das chapas. Segundo ele, a eleição na OAB não interessa apenas aos advogados, mas também a toda população, uma vez que a entidade emite opiniões técnicas em programas e políticas envolvendo o Governo Federal e o GDF. “No dia 21 os advogados terão a oportunidade de escolhes cinco perfis diferentes, o que é muito bom para a democracia”, aponta.
Duas chapas que se alternam no comando da entidade lideram as eleições nos últimos dez anos. O protagonismo, por enquanto, está nas chapas laranja, que busca a reeleição de Délio Lins com a chapa Avança + OAB, e a verde, que tem Thais Riedel como principal expoente da chapa Você na Ordem. No entanto, surpresas não são descartadas até o próximo dia 21.
“O atual presidente, Délio Lins, e o candidato Guilherme Campelo representam chapas com o perfil mais conservador, ainda que tenham pessoas progressistas. Mas no geral as duas são conservadoras. As outras chapas orbitam num campo mais progressista. Thais Riedel, por exemplo, conhecida pela defesa dos direitos sociais, é a principal candidata de oposição ao atual presidente. Mas o grupo dela é heterogêneo, tem advogados conservadores e progressistas”, avalia Marcos Rogério.
“Temos ainda as chapas de Evandro Pertence, que tem compromisso com a defesa da democracia e das pautas sociais, e da doutora Renata Amaral, que encabeça a chapa progressista Nossa Ordem é Democrática e que carrega na bagagem o bom desemprenho na eleição passada e histórico de combate às reformas neoliberais”, destaca Marcos.
A advogada Wanessa Aldrigues, que compõe a chapa Avança + OAB, defende a gestão do atual presidente, Délio Lins. “Tivemos grandes avanços nesses três anos. Os advogados jovens foram valorizados e nas cidades satélites os advogados passaram a ter mais independência. Todos agora têm vez”, disse.
O advogado Jonas Moreht, que compõe a chapa Nossa Ordem é Democrática encabeçada por Renata Amaral, discorda que houve avanços nos últimos anos. “Tivemos desocupações no DF durante a pandemia o que foi totalmente ilegal. As escolas foram militarizadas e não houve critérios objetivos na priorização da vacinação. Tudo isso diante da omissão da OAB-DF”, critica.