Instituições e empresas nacionais têm mais conhecimento que consultorias estrangeiras para reconstrução do RS
O Governo Federal anunciou a intenção de contratar consultorias estrangeiras para assessorá-lo na reconstrução do Rio Grande do Sul (RS). A Prefeitura de Porto Alegre anunciou a contratação da Alvarez & Marsal, dos EUA, para fazer o mesmo na capital gaúcha.
“Ora, num momento em que os brasileiros demonstram o melhor de si no enfrentamento de uma tragédia meteorológica de tais proporções, tanto em capacidade de resposta direta como em solidariedade e empatia (com as proverbiais exceções que confirmam a regra), é inconcebível que seus representantes públicos se disponham a desprestigiar a qualificação nacional existente em instituições de pesquisa, órgãos públicos e empresas de consultoria e engenharia, detentores de um conhecimento do terreno muito maior do que qualquer entidade estrangeira”, protesta o geólogo Geraldo Luís Lino.
“O próprio estado dispõe do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, centro de excelência que deve ser colocado à frente de qualquer esforço do gênero, como peça-chave de uma força-tarefa que reuniria as melhores capacitações disponíveis no estado e no País”, prossegue, eventualmente com a colaboração de especialistas estrangeiros.
Flexibilização para reconstrução do RS
Regras orçamentárias e de legislação precisam ser flexibilizadas para acelerar a reconstrução do Rio Grande do Sul, defende grupo de professores na Faculdade de Ciências Econômicas (FCE) da UFRGS, que lançou manifesto com propostas para estruturar o trabalho de reconstrução do estado.
O documento ressalta que é preciso criar marcos legais que viabilizem os investimentos de recuperação das áreas atingidas e de adaptação da infraestrutura existente para as próximas ocorrências. Nesse sentido, os docentes defendem que os recursos obtidos com a suspensão do pagamento da dívida do RS sejam redirecionados para reconstrução e para preservação ambiental.
O documento, apresentado pelos professores Maria de Lurdes Furno da Silva e André Moreira Cunha, diretora e vice-diretor da FCE, cita expressamente a destinação de valores para “infraestrutura, recuperação dos efeitos de eventos extremos e introdução de inovações tecnológicas associadas à mitigação dos efeitos da crise climática, recuperação de biomas e preservação da água”. O objetivo dos recursos deve ser o de ampliar a resiliência da sociedade e da economia frente as mudanças climáticas.