Testar em massa, reabrir escolas a partir de junho e universidades a partir de setembro, estabelecimentos comerciais voltando a funcionar já em maio debaixo de um plano seguro de operação aprovado pelo Governo.
A serenidade, racionalidade e espírito de cooperação que envolve governos de todos os níveis, empresários e cidadãos estão sendo o grande trunfo do Canadá para conviver sem pânico com a
Covid-19. Os resultados do país falam por si. Desde o início da pandemia, em janeiro, até a última quinta-feira (21 de maio) foram 81.277 casos confirmados, um total de 6.224 mortes, e uma curva de contaminação já decaindo há várias semanas.
O contraste com o vizinho Estados Unidos é gritante: o país atordoado entre o coronavirus e a histeria mesquinha de Donald Trump ultrapassou na última quinta os 1,5 milhão de casos e já se aproxima de 100 mil vítimas fatais do novo vírus.
O bom senso imperou na administração do primeiro-ministro Justin Trudeau desde o primeiro momento – ao ponto de ele próprio ter se isolado voluntariamente em casa quando sua mulher, Sophie, apresentou sintomas de gripe em março, e se manteve isolado, por segurança, ainda por algumas semanas após sua recuperação (testada, ela foi confirmada para coronavirus).
A resposta do Canadá a pandemia incluiu ação articulada entre todas as esferas de governo (nacional, provincial e local), tomadas de decisão estritamente informadas por evidências científicas, abordagem preventiva.
“Embora o governo do Canadá tenha se concentrado em conter a propagação do COVID-19, também está realizando um planejamento coordenado para se preparar para uma possível transmissão mais ampla do vírus e para mitigar os impactos de uma possível pandemia”, afirma o governo no website oficial criado para atualizar o país diariamente.
Desde janeiro, um grupo de resposta a pandemia convocado por Trudeau se reúne para articular ações, e em 5 de março foi criado o comitê de gabinete que se reúne regularmente para garantir liderança, coordenação e preparação de todo o governo para limitar os impactos na saúde, econômicos e sociais do vírus.
O foco atual do governo canadense é em ampliar a capacidade testes e de monitoramento daqueles que potencialmente tiveram contato com pessoas infectadas de modo a evitar uma segunda onda de pandemia que poderia vir no Outono. Na província de Ontário, por exemplo, que concentra o maior número de casos (cerca de 24,2 mil do total de 81,2 mil do país, e 1,9 mil mortes) mais de 10 mil pessoas estão sendo testadas diariamente há cerca de duas semanas.