Mais de 45 mil pessoas perderam a vida para a Covid-19 no Brasil. Com a crise sanitária, milhares de pessoas jurídicas no País também deixaram de existir. De acordo com o Sebrae, cerca de 600 mil micro e pequenas empresas fecharam as portas devido à pandemia.
O governo federal, que deveria estar dando suporte financeiro às empresas, ainda não conseguiu tirar do papel programas de crédito para micro e pequenas empresas. Desde março, quando foi anunciado o primeiro programa, quase nada aconteceu.
Sem conseguir vender, muitos empresários tentam, sem sucesso, empréstimos bancários. Para muitos empreendedores os juros não estão acessíveis. Dos R$ 40 bilhões previstos pelo governo federal a serem emprestados pelo Programa de Suporte a Empregos para Pequenas e Médias Empresas, apenas R$ 4 bi chegaram às micro empresas. Ou seja, 10% do previsto.
A burocracia também está inviabilizando a aquisição de empréstimos junto aos bancos. Empresários dizem que precisam apresentar Demonstrativo de Resultados, Projeção Anual de Vendas e Certidão Negativa de Débito com a União. Para ser liberado, o empréstimo empresarial precisa ser analisado e pode levar até seis meses.
Em 2018, durante a campanha, o candidato Jair Bolsonaro disse, entre outras coisas, que iria acabar com esse tipo de burocracia. No entanto, nada mudou.
ALTERNATIVAS
Por outro lado, as cooperativas de crédito têm sido uma boa alternativa para conseguir empréstimos. Para conseguir acessar o financiamento, o primeiro passo é ser cooperado. Já na condição de associado, o empreendedor deverá fazer aportes financeiros que variam de R$ 50 a no máximo R$ 200. As vantagens são juros mais baixos, financiamento mais rápido e o recebimento de lucros da instituição financeira.
Segundo o Sebrae, apenas 10% dos empresários em dificuldades financeiras recorreram a cooperativas de crédito nesse momento delicado da economia. No entanto, a taxa de sucesso para obter esse tipo de empréstimo foi de 31%. Essa taxa de sucesso, em relação a outras instituições financeiras, foi três vezes superior.
Os bancos públicos são os mais procurados pelos empreendedores, representando 63%. No entanto, a taxa de sucesso nos bancos estatais tem sido de 9%. Já os bancos privados são procurados por 57% dos empresários e a taxa de sucesso é de 12%.
INTERCOOPERAÇÃO
O especialista em gestão de projetos Haroldo Mendonça, do Centro de Estudo e Assessoria (CEA), destaca que um dos caminhos para driblar a crise econômica durante e após a pandemia deve ser a intercooperação.
“A maioria das micro e pequenas empresas não tem condições socioeconômicas de bancar o negócio isoladamente. Por isso a intercooperação é fundamental nesse momento e essa articulação junto a outros pares, com o intuito de reduzir as dificuldades, é imprescindível”, aponta.