Dados da atividade cooperativa sustentam a importância do setor na promoção da distribuição de renda, por uma economia mais igualitária com respeito às pessoas e ao meio ambiente
No último sábado, foi celebrado o Dia Internacional do Cooperativismo. A data, instituída em 1995 na Assembleia Geral das Nações Unidas, objetiva conscientizar a população sobre a importância do sistema cooperativado e promover as ideias do movimento de solidariedade, eficiência econômica, igualdade e paz mundial.
Segundo dados do anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2021, elaborado pelo Sistema OCB, no mundo todo, o setor abrange um bilhão de cooperados, ou 12% da população mundial e movimentou pelo menos dois trilhões de dólares, considerando somente o faturamento das 300 maiores cooperativas do mundo. Ao todo são cerca de três milhões de cooperativas no mundo com cerca de 280 milhões de empregos gerados, o que representa 4% da população mundial.
No Brasil, são mais de 17,1 milhões de cooperados atuando neste sistema. Ainda de acordo com o anuário da OCB, houve um crescimento de 11% no número de cooperados entre 2019 e 2020.
Apesar dos números grandiosos, o cooperativismo no Brasil ainda enfrenta problemas para um maior desenvolvimento do setor, causados por uma legislação retrógrada que não evoluiu junto com o crescimento da atuação cooperativa. Ainda assim, as cooperativas ajudam a fortalecer a economia, gerando trabalho e renda, além de valores sociais, promoção da igualdade e da democracia.
“O cooperativismo é uma economia social baseada nos princípios cooperativistas e na democracia. É uma economia social porque visa realmente o bem estar do cooperado. O cooperativismo tem a função de gerar trabalho e renda para os associados só que de uma maneira diferente, em que você não tem só uma pessoa que ganha. Todos os cooperados têm uma participação igualitária de acordo com a sua produção dentro do processo produtivo da cooperativa”, explica Márcia Behnke, presidente da Cooplem Idiomas, cooperativa que reúne professores de línguas para o ensino de idiomas.
Junto com a economia solidária, o cooperativismo se volta para os aspectos sociais, de respeito e solidariedade. “Dentro do cooperativismo uns dos princípios é o interesse pela comunidade ou a chamada responsabilidade social, então toda a cooperativa precisa estar preocupada com a sua comunidade, precisa ter a responsabilidade social com a sua comunidade e com as pessoas que estão em volta dessa cooperativa”, complementa Márcia.
A ideia do cooperativismo vem na perspectiva do fortalecimento da economia local como um instrumento duradouro que consegue combinar participação, democracia, divisão das sobras e agregação de valor aos produtos. “Além de agregar mais valor, permite o fortalecimento da economia local, pois todas as sobras são distribuídas entre os cooperados. Então os lucros da cooperativa se voltam à movimentação da economia da própria localidade”, exemplifica Inácio Beninca, diretor da Cresol cooperativa de crédito. “Uma sociedade bem desenvolvida baseada no cooperativismo certamente é uma sociedade onde tem a participação das pessoas, onde tem uma divisão dos resultados mais justa entre os cooperados e o fortalecimento como um todo da economia”, preconiza Inácio.
União em torno de algo em comum
Estabelecido pela Lei 5.764 de 1971, o cooperativismo pode estar em todas as áreas, ou seja, todos os grupos de trabalhadores podem se unir em um empreendimento cooperativo em busca de oportunidades de trabalho e renda. “A importância do cooperativismo para o desenvolvimento da sociedade em geral é justamente oferecer oportunidade ao cooperado, que, muitas vezes, não consegue colocação no mercado, mas que pode se unir a outros trabalhadores com mesmo objetivo e criar um empreendimento cooperativo, com regramento voltado para igualdade e para a democracia”, sugere Márcia. “A união de forças faz com que as pessoas consigam avançar mais rapidamente do que se fizessem individualmente. Cooperativismo é união, é força”, complementa.
No sentido do fortalecimento da sociedade, o cooperativismo de crédito constitui um importante motor para alavancar pequenos empreendedores que têm dificuldade de acesso ao crédito bancário tradicional e até mesmo para transformar mais profundamente o sistema como um todo, especialmente junto aos pequenos empreendimentos.
De acordo com Flavio Moraes, presidente do Bancredi, no caso das cooperativas de crédito, além do objetivo baseado nos princípios do cooperativismo, ou seja, cooperar para facilitar o crescimento de todos, em muitos momentos a taxa de juros das cooperativas também tem valores muito mais atrativo do que no mercado financeiro tradicional. “Eu acredito que o cooperativismo teria um papel importantíssimo para ajudar a virar a economia das periferias e em pequenas cidades, com empréstimos solidários, avalista comunitário e outras modalidades que, com envolvimento da comunidade e da população, ficaria ainda mais barato e interessante para o desenvolvimento dos empreendedores”, revela Flavio.
Além disso, por princípio, o cooperativismo de crédito avança no financiamento de novas ideias baseadas na sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, como no caso da geração de energia solar, na produção agroecológica etc. “Nós não temos dúvida de que o crescimento do cooperativismo como um todo, e em especial do cooperativismo de crédito, certamente já está trazendo impactos importantes na economia. As pessoas já estão aderindo mais ao cooperativismo de crédito por entender que é um instrumento econômico diferenciado, que a partir daí você pode construir experiências interessantes mais próximas da comunidade e com atenção ao pequeno ou médio empreendedor”, complementa Inácio, lembrando que, além disso, o sistema preconiza a relação interpessoal e um contato muito mais direto no atendimento das pessoas.
A tecnologia é outro fator relevante que ajuda no desenvolvimento das cooperativas. No caso da Cooplem, além das dez sedes físicas, também possui um pólo de educação a distância que permite oferecer aulas de línguas para pessoas de todo o mundo. Já no caso do cooperativismo de crédito, a tecnologia possibilita hoje disponibilizar os mesmos serviços oferecidos pela rede bancária tradicional. “Somos uma instituição financeira completa, com todos os produtos, serviços e soluções. Mas o que a gente quer não é só emprestar dinheiro e sim transformar a realidade da nossa sociedade. Eu sempre digo, você conquista novos associados pelo bolso, mas logo você ganha ele pelo coração e pela mente, que é a ideia do cooperativismo, da solidariedade”, reflete Inacio.
Desafios para um futuro mais solidário e perene
Contudo, na opinião de Marcelo Petry, que é biomédico, consultor ambiental e especialista em cooperativismo, apesar dos avanços, ainda temos um grande caminho para percorrer até que os empreendimentos solidários abranjam mais solidamente a sociedade, tanto em termos numéricos como em termos simbólicos, conforme aponta em artigo publicado pelo Zona Norte Jornal. No texto, Marcelo lamenta ainda o fato de que “o cooperativismo carece de penetração e capilaridade no seio da sociedade”.
“Vale salientar que este mecanismo [o cooperativismo] possui forte ancoragem social à medida que cria competências relacionais e laços de confiança entre seus membros, de modo a cultivar vínculos entre si e com a comunidade na qual está inserido. Desse modo, difere do modelo individualista reinante nos dias atuais”, aponta Marcelo no artigo. De acordo com ele, para fazer o modelo prosperar ainda mais, “se faz fundamental que os temas do cooperativismo, autogestão e economia solidária possam alcançar abordagem transversal, desde as políticas de educação básica e fundamental até a formação profissional propriamente dita. É necessário também construir melhores condições de popularização e conscientização acerca dos princípios, práticas e as vantagens deste modo de vida”.
Já para Márcia Behnke, além de políticas públicas, para o cooperativismo avançar ainda mais é necessário ainda operar mudanças na legislação. “O que faltam são políticas públicas que incentivem o cooperativismo. O que existe hoje é uma lei antiga, em que o ato cooperativo é tratado de uma forma muito inicial. Isso prejudica o bom andamento de algumas cooperativas hoje em dia”, explica Márcia. Para ela, é necessário tratar o cooperativismo a partir das inúmeras experiências de sucesso existentes hoje em dia. “Nós temos uma realidade muito diferente que 50 anos atrás e a atual legislação amarra muito o desenvolvimento das cooperativas. Nós precisamos que sejam discutidas, por exemplo, questões a respeito da situação tributária. Precisamos que nossos legisladores vejam as cooperativas como uma oportunidade de trabalho para toda a sociedade”, encerra.
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