Milicianos e integrantes das várias organizações criminosas do Rio de Janeiro disputam 8km das praias cariocas. Matam, fazem arrastão e várias outras práticas criminosas, estendendo um mar de terror na ex-Cidade Maravilhosa, hoje, transformada em território da morte.
O Rio de Janeiro não tem secretaria de segurança pública. O governador, aliado do ex-presidente Bolsonaro, é uma figura patética. Não consegue formular, com sua equipe, uma política de enfrentamento dos milicianos, que queimam ônibus com passageiros, nem as organizações criminosas que tocam o terror nas periferias, abandonadas, há muito, pelo governo fluminense.
O Rio de Janeiro mudou de nome: Cidade da Insegurança. A beleza topográfica foi para o brejo e está banhada de sangue. Viagem turísticas para a cidade é exposição espontânea a balas perdidas, a latrocínios e a outros crimes praticados pelos marginais e até pela polícia local, que atira em carros apenas por suspeitar que o veículo é roubado.
As autoridades reconhecem que o poder público está infiltrado de integrantes dos grupos criminosos responsáveis pelo elevado índice de assassinatos no Estado. As ações policiais não inibem os bandidos. A cada operação policial, inocentes, principalmente crianças e jovens negros, são vítimas de supostas balas perdidas.
O crime organizado foi fortalecido nos últimos quatro anos. Não foi somente a liberação da compra de armas e munições. Alguns líderes foram condecorados, participaram dos pleitos eleitorais e tiveram espaço em gabinetes parlamentares. Em qualquer país, minimamente sério, tal ousadia jamais seria permitida. Mas quem (des)governava este país? As porteiras foram escancaradas. Fechá-las e trancafiar os que ultrapassam quaisquer limites com ações letais é desafio imensurável para o atual governo, e inalcançável pelo Rio de Janeiro, que, ao longo dos anos, os sucessivos governos fizeram vista grossa ao avanço da criminalidade. Permitiram que o estado paralelo se consolidasse e, hoje, não tem meios para conter o seu avanço.
O governo federal rejeita a ideia de intervenção no estado. Os exemplos passados foram enormes fiascos, com elevado custo ao erário. Os militares, hoje, não têm mais a máscara de honestos e sérios. Envolvidos na tentativa de golpe contra a democracia e, agora, relacionados com o crime organizado de São Paulo e Rio de Janeiro, perderam a confiança popular. Os atuais comandantes tentam resgatar a confiabilidade dos cidadãos. Uma tarefa difícil de ter êxito no tempo desejado por eles.
A CPMI do 8 de janeiro revelou que o espírito golpista ainda ronda as almas das Forças Armadas. Os cidadãos não se manifestam, mas as revelações, trazidas à tona pelas investigações da Polícia Federal sobre os atos do governo passado, destroem o esforço dos atuais comandantes do Exército e da Marinha de descontaminar seus subordinados da maldade bolsonarista. Frustrada a tentativa de golpe militar, sabe-se, hoje, que “é preciso estar atento e forte”, pois devemos temer a morte e a tortura, marcas indeléveis do período de exceção que enlutou o país por 21 anos.
(*) Por Rosane Garcia, jornalista
Artigo publicado, originalmente, no site da República do Pequi.
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