Cuidar do uso das palavras é essencial, em especial aquelas palavrinhas que se usava e levam a um preconceito bárbaro em sua raiz.
Não vamos ser castiços e usar uma linguagem escorreita que ninguém vai entender ou nos tornaremos uma pessoa chata ou esnobe.
Nada contra que se use “site” o tempo todo, pois parece que já foi internalizada. “Sítio” pode parecer meio esnobe. Mas daí a falar o tempo todo na linguagem cifrada da sua empresa de TI ou comunicação tem uma grande diferença. Ou uma linguagem de marketing para iniciados. Ou em economês que ninguém vai entender. Fala que o juro está alto e esqueça de “spread” para o povo.
Também não saia xingando todo mundo que fala “lista negra” nem “judiar”. A depender do caso pode corrigir e explicar. Porém, dar uma explicada a uma pessoa comum pode ter um efeito não apenas de constranger esta pessoa, mas pode passar ideia pior.
Os professores em nossas escolas deram pouca aplicação à Lei 11.645 de 2008 que modificou a Lei 10.639 de 2003, porque não há cobrança dos gestores. Metade de nossas escolas pelo RS não ensinam história e cultura dos povos originários nem de afrodescendentes. Por isso, ainda se fala “Dia do Índio” em vez de “Dia do Indígena”. No dia 13 de maio é preciso falar mais do 20 de novembro, Dia de Zumbi.
Logo, uma boa orientação da Seduc e das Secretarias Municipais faria um bem danado.
Nada de voluntarismo.
Tudo falado e escrito da forma mais adequada possível.
Também cuidado com a repetição de “lugar de fala”. Entendo que “o lugar de fala” em sala de aula é a relação horizontal professor-aluno, no consultório é médico-paciente. E assim vai.
Para falar corretamente dos temas dos indígenas, dos negros, dos explorados precisamos de todos. A começar por quem escreve e por quem está em sala de aula.
É isso? Estou certo? Alguém discorda?
Vamos ao bom debate. Vamos resgatar o lugar da democracia e do respeito.
(*) Por Adeli Sell, professor, escritor e bacharel em Direito.
*As opiniões dos autores de artigos não refletem, necessariamente, o pensamento do Jornal Brasil Popular, sendo de total responsabilidade do próprio autor as informações, os juízos de valor e os conceitos descritos no texto.